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Foto: Divulgação

Caiado acumula funções administrativas e políticas: governador não tem aliados de confiança e corre o risco de fracassar nas duas frentes de trabalho

Reeleição de Caiado para comando do DEM é preocupante para ele e para o partido

27/04/2019, às 01:01 · Por Diene Batista

A notícia de que o governador Ronaldo Caiado foi reeleito à presidência do DEM em Goiás na verdade não é uma notícia boa nem para Caiado nem para o DEM. Revela apenas a faceta isolada e centralizadora do governador goiano, além de expor a fragilidade do partido. A sigla quase foi reduzida a pó depois das investidas de Marconi Perillo (PSDB) em 2003 sobre suas bases e de desidratações provocadas pelo surgimento de outras legendas a uma direita mais radical.

Na eleição realizada na quinta-feira, 25, durante convenção regional, Caiado concorreu novamente em chapa única. Eleito, falou em fortalecer a sigla e em aumentar a sua representatividade em Goiás. Hoje, o partido do governador é praticamente um nanico. Já era assim antes da eleição. Tem apenas nove prefeitos e uma militância diminuta: representa somente 7% dos filiados a siglas em Goiás: pouco mais de 46 mil pessoas.

Já Caiado, embora tenha ascendido sem contestações ao posto de governador – eleito no primeiro turno, com 59% dos votos – mantém comportamentos que sempre caracterizaram sua trajetória política. Personalista ao extremo, Caiado esqueceu grande parte dos aliados de primeira hora que ajudaram a dar musculatura ao combalido DEM, em 2018, como mostrou o Poder Goiás aqui. Resultado: o governador não tem defensores consistentes na Assembleia de Goiás ou na Câmara dos Deputados. E confirma a folclórica frase ouvida há mais de 20 anos: "Caiado não tem nenhum amigo velho, todo amigo dele é de cinco anos pra cá". Afinal, como mostra o resultado das eleições ao comando da sua legenda, ele não construiu aliados de confiança aos quais possa delegar poder, dividir funções e constituir um núcleo duro que para reavivar o partido em Goiás e garantir êxito nas próximas eleições. 

O curioso é que, ao divulgar pelas redes sociais que assumiu novamente a presidência do Democratas, Caiado repetiu o discurso de que está trabalhando pelos goianos. Entretanto, o foco dos partidos, hoje, é o pleito do próximo ano, que vai eleger novos prefeitos e vereadores. Cabe aos presidentes de siglas cuidar de burocracias partidárias, costurar alianças, buscar novas filiações, em suma, fazer um árduo trabalho de corpo a corpo. No caso do Democratas, praticamente em plena construção, esta certamente será uma jornada que vai demandar bastante energia de Ronaldo, centralizador no governo e no partido. 

Um provérbio russo diz que, se você prossegue dois coelhos ao mesmo tempo, não vai conseguir pegar nenhum. Ou seja: Caiado corre o risco de sair do pleito de 2020 derrotado e seguir amargando resultados pífios em sua gestão e o DEM seguir pequeno. O saldo pode ser desastroso. E talvez seja necessário recorrer, novamente, a placa-desculpa da Goinfra (Antiga Agetop). Desta vez, pelos próprios (de)méritos. 


Ronaldo Caiado DEM Eleições 2020
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