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Foto: Divulgação

Caiado ainda não entendeu que abandonar antigos aliados é pior para o governador do que para os aliados

Que rei sou eu? Caiado ainda despreza aliados de primeira hora

22/04/2019, às 00:03 · Por Eduardo Horacio

Há algo espantoso no comportamento político de Ronaldo Caiado (DEM), desde que virou governador em janeiro deste ano: o desprezo pelos aliados de primeira hora. Foi um grupo de políticos que deu capilaridade e coragem para que Caiado, até então isolado no DEM, tentasse a candidatura a governador em 2018, mesmo sem aliança com o MDB, algo buscado até a última hora. Entre eles estavam os deputados federais Delegado Waldir (PSL), os então deputados estaduais Major Araújo (PRP), Iso Moreira (DEM), Claudio Meirelles (PTC), José Nelto (Podemos) e os prefeitos Adib Elias, Paulo do Valle, Renato de Castro e Ernesto Roller, todos de cidades importantes e fundamentais numa eleição estadual. Deles, apenas Roller foi acolhido no governo. Para os demais, desprezo: palavra que vários deles escolhem como sendo a mais precisa para definir o comportamento do governador. 

O modus-operandi de Caiado é parecido com o de outro então recém-eleito governador: Marconi Perillo (PSDB), em 1999. Na eleição de 1998, os que apostaram desde o início na possível vitória do tucano eram 33 prefeitos e alguns deputados estaduais. Em 1999, praticamente todos eles reclamavam abandono, diziam que Marconi não era o mesmo. Uma frase famosa sobre Marconi até chegou a ser cunhada na época ("Marconi gosta de governar com a oposição") tamanha era predileção dele por atrair opositores para dentro de seu governo, em vez de dar bola para os parceiros fiéis desde o início. 

Governo sem base
Caiado ainda não entendeu que abandonar antigos aliados é pior para o governador do que para os aliados. Não há hoje nenhum político (fora do primeiro escalão) que defenda o governo Caiado. Na Assembleia ou na Câmara dos Deputados, silêncio total. E os que arriscam a fazer a defesa passam mais tempo falando mal do governo passado do que falando bem do atual governo. Hoje o governo Caiado está abandonado no interior, sem ninguém para defendê-lo nas bases. E governo sem base política é governo fadado ao fracasso. 

Marconi, em seu primeiro mandato, aprendeu, na marra, a corrigir parcialmente esse erro quando foi mal sucedido nas principais cidades goianas nas eleições para prefeito de 2000. Caiado, pelo jeito, ainda não vislumbra a eleição do ano que vem ou, tal como Marconi, pode estar achando que seu carisma político será suficiente na hora H para fazer candidatos inexpressivos vencerem eleições municipais. 

Há outra frase da política goiana que, muito folclórica, é ouvida há mais de 20 anos e parece ser verdade: "Caiado não tem nenhum amigo velho, todo amigo dele é de cinco anos pra cá". A julgar pelo desprezo com que ele trata aliados que, desde 2014, o ajudaram na eleição ao Senado e, principalmente, os que apostaram na eleição para governador em 2018, a frase parece mais verdadeira do que nunca. 


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