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Goiânia, 18/05/24
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Foto: Divulgação

O marketing pessoal é companheiro constante de Caiado em seus 100 primeiros dias à frente no governo

Caiado, o quadro na parede e a falsa negação do personalismo

11/04/2019, às 00:15 · Por Eduardo Horacio

O governador Ronaldo Caiado (DEM) usou suas redes sociais para informar que dispensou a confecção e distribuição de quadros com sua fotografia nas repartições públicas do Estado. Alegou ser contra culto a imagem nos tempos atuais. A decisão também atende a uma decisão do Tribunal de Justiça, antes não cumprida pelos governadores anteriores. Por mais que Caiado tente ganhar com o gesto, ele continua sendo sim um político personalista.

Tentar capitalizar para si uma decisão judicial já mostra o quanto Caiado é personalista. E nem há aqui um juízo de valor contra o personalismo, ainda mais em tempos de redes sociais. O problema é ser personalista e ficar posando de bonitão que não é. Ganharia mais se nem falasse desse assunto. 

A retirada dos quadros pode ser vista como uma ação altruísta do governador – ele poderia ignorar a determinação e mandar pendurar seus quadros tal qual faz a maior parte dos chefes de Executivo. Há ainda alguma economia aos combalidos cofres do Estado. Porém, ao fazer propaganda de seu gesto, Ronaldo Caiado só reforça a contradição de seu discurso e diminui a impessoalidade do gesto. 

Se de fato Caiado tivesse aversão ao culto a sua imagem simplesmente deixaria o tema cair no esquecimento ao invés de anunciá-lo efusivamente. Assim como Cristovam Buarque fez quando foi governador do Distrito Federal, de 1995 a 1998 (decisão da qual Cristovam diz se arrepender - segundo ele, a ausência da foto na parede foi interpretada pela população como ausência de governo e, de fato, ele perdeu a reeleição). 

Ao propagar a decisão de retirar os quadros em suas redes, o governador quis surfar na onda e ganhar curtidas e elogios. Agiu, portanto, para promover-se. Simples assim.

Marketing 24 horas
O marketing pessoal, aliás, foi companheiro constante do governador em seus 100 primeiros dias à frente no governo. A lista de eventos aos quais Ronaldo Caiado tentou capitalizar é extensa. Alguns atos, literalmente caça-cliques, notabilizaram-se pela falta de bom senso.

Ao aparecer na porta do Hospital Materno Infantil com as chaves de dois carros de luxo para doá-los a Organização Social (OS) que administra a unidade, Caiado fez, querendo ou não, um culto à sua própria imagem. Ainda promoveu um leilão dos veículos, insistindo em um espetáculo midiático constrangedor, que não paga nem 0,5% do custeio da unidade hospitalar.  

Em outro momento Caiado avisou que não receberia seus salários até que os servidores também tivessem seus vencimentos de dezembro pagos pelo Estado – até hoje o governo ainda não quitou totalmente a folha de dezembro. Sequer havia previsão legal para dispensar o recebimento do salário de governador. Mais uma vez, o governador buscou holofotes antes mesmo de consultar sua equipe. Sem contar o dia em que chamou a imprensa para fotografar ele, Caiado, simbolicamente liberando o pagamento da folha de janeiro no computador da Secretaria da Economia. 

Esses são apenas dois exemplos de muitas situações em que o governador Ronaldo Caiado pensou em se promover à buscar soluções administrativas efetivas para o Estado. Caiado pedalou, imitou João Doria ao pegar a vassoura de gari e varrer a Praça Cívica, tomou café com transeuntes, levou outros para conhecer os jardins do Palácio... Todos esses atos devidamente registrados com vídeos e fotos por assessores.

Cabe anotar que a um governador, com o tempo, será cobrada ações efetivas, não apenas marketing pessoal. Com ou sem retrato na parede. 


Ronaldo Caiado marketing
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