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A dificuldade financeira é o principal motivo para que os alunos pensem em trancar o curso
Na UFG, 45,7% dos estudantes de Medicina e 31,7% de Direito são pobres
31/05/2022, às 09:15 · Por Redação
Em meio à Proposta e Emenda à Constituição (PEC) 206, que
estipula o pagamento de mensalidades em universidades públicas, reportagem do
jornal Opção mostra levantamento da V Pesquisa do Perfil Socioeconômico e
Cultural dos Estudantes de Graduação, realizada em 2018 com os estudantes da
Universidade Federal de Goiás (UFG), que constata que até mesmo entre os 10
cursos mais concorridos da instituição, quase 50% dos discentes se mantém na
faculdade com bolsas estudantis que só podem ser destinadas àqueles que tem
renda familiar bruta per capita menor que meio salário mínimo. A matéria ressalta que a pesquisa foi realizada antes da pandemia da Covid-19. Após o
coronavírus, a realidade social de brasileiros piorou com a perda de emprego e
aumento da inflação.
O curso de Medicina, o mais concorrido da UFG possui 45,7%
dos estudantes atendidos pela Assistência Estudantil. Direito abrange 31,7%;
Odontologia, 68,1%; Psicologia, 29,5%; Arquitetura e Urbanismo, 53,6%;
Engenharias: Civil, 44,3%; Mecânica, 68,5%; Veterinária, 41%; Ciências da
Computação, 37,7% e Agronomia 46,9%. No total, 42,83% desses estudantes recebem
algum auxílio da instituição e sobrevivem com uma renda familiar bruta per
capita de até meio salário mínimo.
Segundo a reitora da UFG, professora Angelita Lima, a
proposta quebra o princípio da gratuidade do ensino público e o da
universalidade, visto que a instituição possui o tripé de ensino, pesquisa e
extensão. “Ela exclui essa universalidade, essa condição, e mais, ignora que a
maior parte da produção científica, do conhecimento feita no Brasil, é
produzida nas universidades públicas. Então isso interfere profundamente nesse
sistema de universidades”, disse ao Jornal Opção.
Os defensores da proposta pautam o debate sob o argumento de
que “só paga quem pode”, como o próprio relator da proposta afirma. Com quase
75% dos estudantes oriundos de famílias que sobrevivem com até 1,5 salário
mínimo, a reitora pontua que, caso aprovada a PEC, isso produziria uma
segregação nas instituições. “Estudantes que estão sendo apontados como que
podem pagar, são filhos da classe média, são trabalhadores. Em geral, a classe
média será profundamente afetada por isso, e os riscos que podem pagar de fato,
não estudam nas escolas brasileiras, eles estudam nas escolas estrangeiras”.
A dificuldade financeira se faz presente também ao ápice da
vida estudantil, sendo o principal motivo para que os discentes pensem em
trancar o curso. Segundo o levantamento, os principais motivos para o abandono
acadêmico são: trabalho, saúde, insatisfação com o curso e financeiro, o qual
também está veiculado ao primeiro, haja vista que a realidade é vivida na
tentativa de conciliar os estudos e emprego.
Essa dificuldade de conciliação de trabalho e estudo é
vivida por quase 15% dos estudantes da universidade. Outros 30% afirmam que as
dificuldades financeiras refletem também no desempenho acadêmico. Em sua
maioria, a UFG é composta por estudantes oriundos de escolas públicos,
representando um total de 63,10%.
UFG Educação PEC 206