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Entregador estava em uma motocicleta, em janeiro deste ano, em Anápolis enquanto foi atingido por advogado bêbado

Advogado acusado de atropelar e matar motociclista em Anápolis é solto após 115 dias

31/05/2022, às 08:55 · Por Redação

Preso desde 1º de fevereiro acusado de atropelar um entregador enquanto dirigia bêbado, o advogado Sérgio Fernandes de Moraes, 56 anos, foi solto nesta quinta-feira, 26, após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A informação é do jornal O Popular.

Leles do Nascimento, de 38 anos, que estava em uma motocicleta, em janeiro deste ano, em Anápolis enquanto foi atingido por Sérgio, que trafegava pela Avenida Presidente Vargas, no Setor JK Oeste, quando, por volta de 20h15 do dia 9 de janeiro, um domingo, fez uma conversão à esquerda para entrar na Rua 4 e foi atingido pela moto de Wilkinson na lateral onde estava o passageiro.

Segundo a Polícia Civil, a conversão foi feita de forma abrupta, num momento inoportuno e sem sinalizar. Já para o MP, como a motocicleta estava na mesma avenida, mas na outra mão, antes de virar, Sérgio deveria ter deixado o entregador passar. Além disso, ao fazer a conversão para a Rua 4, o advogado entrou na contramão.

Já a defesa de Sérgio apresentou um laudo feito por um perito particular atestando que se o motociclista estivesse na pista dentro da velocidade permitida teria conseguido evitar a colisão.

O desembargador convocado Jesuíno Rissato, relator do pedido de habeas corpus analisado no STJ, determinou junto com a soltura que o advogado entregasse a carteira de habilitação e ficasse proibido de dirigir enquanto aguarda o julgamento pela morte do motociclista. A decisão foi acatada pelos colegas da 5ª Turma do tribunal.

O processo se encontra em fase final da audiência de instrução e julgamento, com a apresentação das alegações finais apresentadas nesta semana pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) e pela defesa do acusado. Sérgio foi interrogado no dia 4 de maio pela juíza Nina Sá Araújo e, chorando, se disse inocente das acusações. O POPULAR teve acesso ao vídeo com o depoimento dele.

Os promotores Luís Guilherme Martinhão Gimenes e Denis Augusto Bimbati Marques afirmam que no dia do crime, 9 de janeiro, Sérgio foi até uma distribuidora de bebida acompanhado de um amigo momentos antes do atropelamento, comprou uma garrafa de vinho, pediu para a atendente abri-la, pediu dois copos plásticos com gelo e voltou para o carro. Em seguida, dirigindo, fez conversão irregular em um cruzamento, acertando a moto de Wilkinson.

Ainda segundo a denúncia, o advogado saiu do veículo e alguns minutos depois pegou a garrafa e jogou em um lote baldio. Após mais um momento, ele saiu a pé do local, deixando o carro e o amigo. Sérgio chegou a se apresentar na Central de Flagrantes em Anápolis, na madrugada do dia 12 de janeiro, prestou depoimento, mas segundo o MP-GO foi uma manobra para escapar da prisão, já que o mandado expedido pela Justiça estava sob sigilo e ele deveria ter comparecido na Delegacia de Trânsito da cidade, onde o inquérito tramitava.

Sérgio está respondendo por dirigir embriagado, homicídio doloso (quando há intenção de matar) e por fugir do local após o acidente. Já a defesa nega que ele estivesse embriagado, diz que foi um acidente sem dolo (sem intenção) na qual morreu o motociclista e que ele não fugiu do local como afirma a Polícia Civil e o Ministério Público.

Ao ser interrogado pela juíza, o advogado afirmou que a atendente abriu a garrafa de vinho sem ele pedir, que ele só pagou pela garrafa, mas quem pediu foi o amigo e que o copo com gelo não é prova de que ele pensava em beber o vinho enquanto dirigia porque ninguém bebe vinho com gelo. Também alegou que a sinalização estava precária, que entrou em choque após o atropelamento, que teria sido acidental, e que, provavelmente, jogou a garrafa de vinho para fora do carro sem perceber, enquanto tentava socorrer o amigo que não conseguia sair pela porta de passageiro.

Neste último caso, as testemunhas e imagens de câmera de segurança mostram que na verdade Sérgio pegou a garrafa de vinho e a arremessou no lote após o amigo já ter saído do carro. O MP-GO também alega que as imagens na distribuidora e o depoimento de quem estava lá na hora contradizem a versão apresentada pelo advogado.


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