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Goiânia, 29/05/24
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Proprietário da empresa foi beneficiário pelo auxílio emergencial para pessoas de baixa renda até junho de 2021

Vereador de Fazenda Nova nega envolvimento em pregão suspeito de R$ 10,2 milhões

26/04/2022, às 15:13 · Por Redação

O vereador de Fazenda Nova, Goiás, Maycow Douglas (Cidadania) afirmou ter vendido a empresa Inovação Distribuição e Comércio, vencedora de licitação da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). A informação é do jornal O Popular. 


A empresa em questão está no nome do autônomo Samuel Paz Maia Soares que, como o jornal Estadão mostrou na semana passada, foi beneficiário do auxílio emergencial para pessoas de baixa renda até junho de 2021.  


Apesar do nome de Soares estar nos registros oficiais, quem atende o telefone registrado da empresa é o vereador. Ao Estadão, o autônomo disse que já trabalhou em mecânica, borracharia, na prefeitura de Fazenda Nova e fez bicos. Em um desses bicos, ele teria recebido uma comissão em dinheiro vivo de cerca de R$ 600 mil pela corretagem na venda de uma fazenda.


Porém, Soares declarou não se lembrar do nome do dono da propriedade que lhe pagou. Afirmou que a maior parte desse valor “investiu” na compra da empresa. “Entrei com o dinheiro, o rapaz entrou com o serviço.” O “rapaz” a que se refere é o vereador goiano. O político trabalha para a Inovação em Brasília. 


Ao Estadão, Maycow Douglas disse que também já foi proprietário da Inovação, mas não respondeu se vendeu a empresa e se teria recebido valores


O governo federal reservou R$ 19,3 milhões dos cofres públicos para pagar três empresas de Goiás que têm como donos ex-beneficiários do auxílio emergencial. 


As selecionadas venceram pregões para fornecer picapes de tração 4 x 4 à Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Vinculado ao Ministério do Desenvolvimento Regional, o órgão é controlado por partidos do Centrão


Uma dessas empresas participou da licitação de ônibus escolares na qual foi apontado sobrepreço, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo em abril. Mesmo sem capital suficiente, essa empresa fez proposta de R$ 2 bilhões para vender 3.850 veículos destinados ao transporte de estudantes de áreas rurais a outro órgão do governo também controlado pelo Centrão, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).


Documentos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo indicam que as três empresas têm ligações. Além de estarem registradas em nome de ex-beneficiários do auxílio do governo, possuem o mesmo contador e seus donos ou endereços estão vinculados à Fazenda Nova, cidade de 5 mil habitantes a cerca de 200 quilômetros de Goiânia.


A dona de uma dessas empresas, a BR-Prime Comercial e Serviços, admitiu ser “laranja”. Questionada, Maria Cristina Ribeiro da Silva afirmou que é cabeleireira e emprestou seu nome para Bruno Araújo Navega abrir a BR-Prime. 


“Ele tinha uma empresa, só que ele queria abrir outra, eu emprestei meu nome, entendeu?”, disse ela. “Como a gente se separou, ele ficou com a empresa. Eu estava para resolver esse trem, mas nem corri atrás.”


No fim de dezembro do ano passado, a mesma empresa teve mais sorte. Em licitações da Codevasf, a Inovação saiu vencedora em dois lotes para venda de caminhonetes 4 x 4. O órgão federal emitiu, então, um empenho (reserva de recursos) em nome da empresa no valor de R$ 10,2 milhões.


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