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Com aval do FNDE, os deputados Zé Mário e Professor Alcides 'vendem' aos seus eleitores a ideia de que conseguiram recursos para construir colégios e creches

Dois deputados goianos brilham em matéria do Estadão sobre obras federais paradas

14/04/2022, às 11:40 · Por Redação

Uma matéria publicada no jornal Estadão desta semana mostrou que mesmo o Ministério da Educação (MEC) tendo que concluir as obras de 3,5 mil unidades escolares no país, preferiu autorizar a construção de mais 2 mil escolas, mas não há orçamento previsto no orçamento. O esquema de "escolas fake" tem como base o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) e os deputados federais por Goiás Zé Mário (MDB) e Professor Alcides (PL) compraram a ideia que  precisaria de R$ 5,9 bilhões para tocar todas as novas escolas contratadas.

O deputado Zé Mário chegou a fazer uma publicação em seu perfil no Instagram falando aos seus seguidores que havia conseguido R$ 6,93 milhões para construir uma escola rural no interior do município de Morrinhos. "Recurso viabilizado junto ao FNDE", escreveu, com uma foto sua em que aparecia sorridente. Na verdade, o governo liberou apenas R$ 30 mil e não há previsão orçamentária de que o restante do valor sairá. "Eu não tenho como iniciar uma obra desse valor", disse o prefeito da cidade, Joaquim Guilherme (PSDB). "Com esse pequeno empenho que foi feito aí?" Procurado pelo Estadão, o deputado Zé Mário alegou que a publicação foi erro de sua assessoria.

Já o prefeito de Inhumas, Dr. João Antônio (PSDB), chegou a fazer peregrinações no Ministério da Educação, em Brasília, para finalizar obras de uma escola e duas creches. Em março do ano passado, esteve num dos encontros com o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, mediados pelos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, que intermediavam um esquema de propina na pasta.

No auditório, o prefeito Dr. João pediu a palavra. Reclamou da falta de repasses pelo FNDE. "A gente olha aquelas obras com a tristeza maior de ver o dinheiro público, dinheiro nosso, nosso imposto, que nós pagamos, detonado, sendo jogado pelo lixo", disse o prefeito no encontro.

Porém, partiu do deputado Professor Alcides a sugestão insólita: começar uma obra do zero. Conforme a reportagem, prefeitos que tentam convencer parlamentares a destinar recursos para a conclusão de obras inacabadas são aconselhados pelos congressistas a buscar uma nova para, assim, se apresentarem como autores do projeto.

A reportagem também acompanhou o prefeito em uma visita às escolas inacabadas. No local, o mato cresce e urubus fazem ninhos. "Eu pedi a todos os deputados, solicitei a senadores, procurei o próprio ministro (Milton Ribeiro). Nós batemos na porta, tentando liberar o mais rápido possível. Não foi possível", afirmou Dr. João. "É muito dinheiro público aqui estragando, deteriorando”, afirmou.

Ao ser questionado pelo Estadão por que ele não ajudaria na conclusão das obras antigas em vez de conseguir um termo de compromisso para uma nova escola, o deputado Professor Alcides disse desconhecer a falta de recursos para conclusão das obras antigas. "Aquilo que ele tem procurado, eu tenho procurado atender. Eu não sei adivinhar, né?", respondeu.

Os números do FNDE expõem como funciona o esquema das "escolas fake". Faltando oito meses para o fim do governo, foram liberados 3,8% dos recursos previstos para a construção das 2 mil escolas e creches, sendo que 560 obras receberam apenas 1% dos valores empenhados.

Neste ano, o fundo tem R$ 114 milhões de recursos próprios. Seriam necessários R$ 5,9 bilhões para as 2 mil novas escolas que se comprometeu a fazer. Além disso, o governo precisaria de mais R$ 1,7 bilhão para concluir as 3,5 mil obras em andamento no País.


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