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Goiânia, 29/05/24
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Compra de 38.617 kits de robótica foi feita ainda na gestão do ex-prefeito Gustavo Mendanha no valor de quase 40 milhões e sem licitação

Prefeitura de Aparecida teve oferta de empréstimo gratuito antes de gastar R$ 30 milhões com kit de robótica

13/04/2022, às 15:21 · Por Redação

Uma compra de R$ 29,9 milhões, sem licitação, feita pela Prefeitura de Aparecida de Goiânia de 38.617 kits de “Guias Práticos Maluquinho Por Robótica” para alunos da rede municipal de ensino tem dado o que falar. É que antes de comprar o material, a gestão do então prefeito Gustavo Mendanha (Patriota) teve opção de proporcionar robótica aos alunos por meio de um sistema de comodato – um empréstimo gratuito de algo que deve ser restituído no tempo convencionado pelas partes.

Ainda assim, Mendanha optou por gastar quase R$ 30 milhões na aquisição dos kits. Gasto esse que passou a questionado por professores ligados ao Comando de Luta da Educação de Aparecida de Goiânia. O contrato com a empresa Conexão Intelectual Comércio de Livros e Papelaria, como mostrou o jornal Opção, foi assinado em 17 de dezembro do ano passado com dispensa de processo licitatório sob alegação de inexigibilidade, quando o produto ou serviço é de exclusividade de uma única empresa.

Antes de fechar contrato com a empresa, o empresário Luis Renato, proprietário da Prática Educacional, procurou a Prefeitura de Aparecida de Goiânia durante quatro anos, “de forma incansável”, sem sucesso. A ideia era apresentar um projeto técnico de natureza público-privado sobre robótica que incluía o fornecimento na condição de comodato. Porém, não houve sucesso.

Luis revelou ao Jornal Opção que Prefeitura de Aparecida de Goiânia foi quem se aproximou, pela primeira vez, da empresa para conhecer o projeto de robótica. Eles, então, apresentaram o plano, porém, a Secretaria Municipal de Educação (SME) não devolveu o contato. Luis diz que buscou retorno para entender os motivos da recusa, porém, não obteve êxito.

Além do gasto milionário, Luis aponta erros técnicos do programa Robótica empregado pela prefeitura. Para ele, há falta de capacitação dos profissionais. “A prefeitura não ofereceu cursos de extensão ao corpo docente da rede municipal de Aparecida que vai ministrar essas aulas. Por que usar esses professores que não têm acesso a isso?”, questiona.

Outra falha é a aquisição do kit escolhido. “O kit sozinho não funciona. Precisa de tecnologia. Se não tiver um projeto educacional de robótica, não há sustentabilidade no assunto”, reclama. Professores da rede, no entanto, alegam que as unidades de ensino não têm estrutura para operacionalização dos kits comprados pelo Executivo.

Luis Renato pontua, inclusive, que a SME “não comprou um kit de robótica”. “Na verdade, aquilo ali nunca pode ser chamado de robótica educacional, muito menos um kit. O projeto é uma réplica de projeto que foi desenvolvido por uma empresa que durante a pandemia entrou em crise. Essa organização, antes da pandemia, fornecia os nossos sensores.

O que me preocupa é a inversão de valores. Precisamos dar nomes as coisas. Por ser um tema novo, há muita distorção. Basicamente a prefeitura do município usa o dinheiro para enganar a comunidade, porque não replica o fato verdadeiro”, critica. De acordo com o empresário, para se falar em robótica deve haver também projeto educacional paralelo, o que não havia na prefeitura. “Coisas de política”, acrescenta.


Kit Robótica Gustavo Mendanha Aparecida de Goiânia
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