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Grupo foi monitorado por 5 dias e pretendia roubar banco em Nova Crixás

35 PMs atuaram em operação que resultou em 8 mortes em Goiás

04/04/2022, às 13:08 · Por Redação

Reportagem minuciosa de Márcio Leijoto de O Popular relata o resultado da apuração da operação policial em Araçu no dia 7 de dezembro que resultou na morte de oito suspeitos de integrar uma quadrilha interessada em roubar um banco no interior de Goiás contou com o envolvimento direto de 35 policiais militares e 74 tiros disparados por estes.

Segundo a Polícia Civil, apenas 3 policiais, que faziam a guarda das viaturas, não efetuaram tiros na abordagem, realizada por volta das 23 horas. Os suspeitos foram atingidos 19 vezes, sendo que todos com pelo menos um tiro no peito.

 A conclusão tanto da Polícia Civil como da PM, em suas investigações, é que os policiais militares agiram em legítima defesa, portanto não cabia indiciá-los por homicídio.

A Polícia Civil juntou ao inquérito concluído na semana passada dois relatórios feitos pelo Comando de Policiamento Rodoviário (CPR) e pelo Comando de Operações de Divisas (COD), ambos da Polícia Militar, mostrando que desde agosto a PM vinha monitorando o grupo, com informações de que os oito eram ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e pretendiam roubar uma agência bancária em Nova Crixás, a 353 quilômetros de onde estavam escondidos.

O relatório final elaborado pela Polícia Civil tem apenas três páginas e se baseou principalmente nos depoimentos dos policiais militares envolvidos e no inquérito feito pela Polícia Militar (IPM). Já a apuração feita pela PM incluiu os laudos cadavéricos e um laudo pericial no local feito 12 horas depois da ocorrência pela Polícia Técnico Científica (PTC). Não foi incluído o laudo nas dez armas que teriam sido encontradas junto aos suspeitos, segundo a PM, por estar ainda inconcluso.

O grupo seria de Campinas (SP) e região e estava em Goiás desde o dia 2, sempre monitorados pela PM. Eles passaram por um hotel em Aparecida de Goiânia na BR-153, onde ficaram de um dia para outro, foram para Nova Crixás onde de noite percorreram o entorno do destacamento da Polícia Militar, de uma torre de celular e da agência bancária que seria o alvo do assalto. Em Nova Crixás, eles chegaram a se hospedar em uma chácara às margens do rio Crixá-Mirim, onde pescaram e nadaram.

 Depois voltaram para Goiânia no dia 5 e foram até Inhumas, onde alugaram por uma semana uma chácara na GO-222, a cerca de quatro quilômetros de Araçu. A chácara pode ser encontrada para locação nas redes sociais e na internet e foi alugada no dia 6 por R$ 2,5 mil pagos em dinheiro. Os suspeitos teriam dito aos proprietários do espaço que eram de Goiânia e ficariam ali até o dia 12 para comemorar os bons resultados da empresa onde trabalhavam e um aniversário. Eles foram vistos confraternizando com churrasco e passeio a cavalo horas antes da abordagem policial.

O monitoramento pela PM começou no dia 19 de agosto quando o CPR recebeu uma informação de que uma quadrilha viria de Campinas para roubar uma agência em Nova Crixás na modalidade conhecida como “tomada da cidade”, geralmente praticada à noite, inviabilizando a comunicação dos moradores e com ações que impossibilitem o trabalho da polícia da região.

Além de Walaf, foram mortos na ação: Yago Palomino Pinheiro, de 19 anos; Luiz Fernando Santos da Silva, de 22; Vitor Roberto da Rocha Pires, de 24; Richard Alfredo Souza Cruz, Jeferson da Silva Diniz, e Thiago Moraes de Oliveira, todos de 28; e Felipe Albano dos Santos, de 35. Parentes de dois deles chegaram a dar entrevista para a imprensa na época reclamando que teriam sido executados e que teriam sido mortos enquanto dormiam, mas nenhum foi ouvido nem no inquérito da PM nem da Polícia Civil.


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