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Goiânia, 29/05/24
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São Miguel de Passa Quatro é uma das cidades que sofre com a falta de linha intermunicipal e moradores não conseguem sair do município por meio de um serviço regular de transporte

Cidades goianas ficam sem linhas de ônibus por desinteresse de empresas

27/03/2022, às 11:21 · Por Redação

Por falta de linhas intermunicipais, das 333 linhas que existem entre os municípios goianos, 159, o que representa 48% do total, não estão em operação. Cidades como São Miguel de Passa Quatro, Ipameri, Catalão, Mazargão, Rio Quente, Caldas Novas, Araçu, dentre outras sofrem com o problema de ter acesso aos centros urbanos maiores, como Goiânia, Anápolis e Brasília. Atualmente, os moradores dos municípios afetados recorrem à boa vontade de quem tem veículo próprio ou paga algum fretamento irregular.

Conforme levantamento do jornal O Popular, o problema ocorre desde 2016. Na época, a Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização dos Serviços Públicos (AGR) expediu autorizações para as empresas que operavam as linhas com base na regulamentação do transporte intermunicipal, em lei de 2014, mas 113 das 333 linhas não foram vistas como interessantes. Depois disso, mais 46 linhas que ligam municípios goianos pelo serviço de transporte coletivo foram abandonadas, o que acarreta em transtornos para os moradores.

Há também o abandono de linhas alternativas, que passavam em povoados de municípios e agora não há mais o acesso desses moradores. É o caso do povoado de Canxambú, em Pirenópolis. Até agosto de 2021, havia duas linhas que ligavam a cidade até Anápolis, sendo uma que seguia direto pela rodovia e a outra que ia até o povoado. Desde então, os moradores de Canxambú são deixados no trevo rodoviário e devem seguir o trajeto até suas casas a pé ou de carona. Situação semelhante tem ocorrido com o distrito de Lagoa do Bauzinho, em Rio Verde, que ficou sem a linha de ônibus que chegava ao local.

Outro problema recorrente aos passageiros do transporte intermunicipal em Goiás tem sido a redução da frequência das linhas. Ou seja, serviços que funcionavam mais vezes ao dia estão sendo ofertados em no máximo dois horários e há casos em que passaram a ocorrer uma vez por semana.

A Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos (AGR), que é o órgão responsável por organizar o transporte intermunicipal de passageiros, não pode conceder autorizações para outras empresas atuarem nas linhas que estão sem o serviço. Isso porque as autorizações atuais, dadas em 2016, foram contestadas na justiça por terem ocorrido de forma exclusiva para as empresas que já operavam a linha.

O Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) impetrou ação judicial que questiona o modelo, visto que o entendimento era da necessidade de licitação para o serviço público em razão de conceder concorrência para o serviço. Outro modelo seria fazer as autorizações, mas não de modo exclusivo, ou seja, várias empresas poderiam operar em uma mesma linha, como ocorre no sistema interestadual. O presidente da AGR, Marcelo Oliveira, afirma que a situação do transporte intermunicipal é a que mais preocupa. “É inadmissível as pessoas não terem esse serviço, dá grande angústia não conseguir resolver esse problema”, afirma.

O diretor-secretário do Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário Intermunicipal e Interestadual de Passageiros do Estado de Goiás (Setrinpe-GO), Wilmar Dias da Silva, afirma que o sistema de transporte intermunicipal já passava por dificuldades financeiras antes da pandemia de Covid-19 e a situação foi agravada com as medidas restritivas necessárias para o combate à doença. “Maioria está deficitária, com 20% a 30% a menos de demanda. A AGR facultou às linhas de operar por um horário na semana e é o que muitas estão fazendo, porque têm que fazer”, diz, sobre a redução de frequência do serviço.


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