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Goiânia, 29/05/24
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Após reportagem de O Globo, o prefeito de Ceres, Edmario de Castro, negou ter tido reuniões com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura

Prefeito de Ceres pode ter sigilos quebrados após pedido do senador Randolfe Rodrigues

26/03/2022, às 11:01 · Por Redação

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou, nesta sexta-feira,  25, pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a quebra dos sigilos bancários e telemático de 11 pessoas, em meio às denúncias de cobrança de propina para liberação de recursos do Ministério da Educação (MEC) a municípios. Entre as pessoas está o prefeito de Ceres, Edmario de Castro (Cidadania).

Na petição, como mostra o jornal O Popular, o senador também cita: o ministro Milton Ribeiro; os pastores Gilmar Santos, que lidera igreja que tem sede em Goiânia, e Arilton Moura — os dois estão no centro das denúncias; Nely Carneiro da Veiga, nome que aparece como membro do “gabinete paralelo” do MEC; e o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes.

Completam a lista os prefeitos de cidades maranhenses Calvet Filho (Rosário), Helder Aragão (Anajatuba) e Júnior Garimpeiro (Centro Novo); e os prefeitos de Ijaci (MG), Fabiano Moreti, e de Dracena (SP), André Kozan Lemos. Também estão implicados, sem citar nomes, funcionários e pessoas próximas aos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

O senador também solicita a inclusão de outras 11 pessoas a serem inquiridas no âmbito da apuração, entre os quais dez prefeitos, sendo quatro goianos. Além do próprio Edmario: Kelton Pinheiro (Bonfinópolis), Adelícia Moura (Israelândia) e Laerte Dourado (Jaupaci).

Dos citados, o prefeito de Bonfinópolis relatou proposta de propina feita pelo pastor Arilton Moura para intermediar a transferência de recursos do MEC ao seu município. Os demais já apareceram em reportagens como tendo chegado ao ministro Milton Ribeiro através dos pastores.

Ao jornal O Globo, o prefeito de Ceres disse, inclusive, pertencer à mesma igreja do ministro Milton Ribeiro. Segundo o relato, o prefeito primeiro teve agenda no MEC, com a presença do pastor Arilton e, sem seguida, o próprio ministro se ofereceu para ir a Ceres.“Tive uma conversa com eles uma semana antes. Eles tiveram aqui uma semana antes da visita do ministro, para pesquisar como estava o serviço que consegui no FNDE. Eles se apresentavam como assessores do ministro, então recebi eles  na prefeitura”, relatou o prefeito à reportagem do Globo.

Versão de Edmario de Castro
Após a publicação de O Globo, o prefeito Edmario de Castro negou ter tido reuniões com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Ele primeiro enviou nota ao O Popular dizendo não conhecer o pastor Arilton Pereira, o que contradiz versão que deu ao jornal O Globo, no dia 22 de março.

Edmario, então, confirma que esteve em agenda no MEC, em março de 2021, juntamente com outros prefeitos, mas relata que saiu antes de o evento terminar e que não se encontrou com ninguém na ocasião. “No início de maio, ficamos sabendo que o ministro viria à região e nós, por meio de um deputado federal, perguntamos sobre a possibilidade de ele vir a Ceres, porque aqui tem o Instituto Federal Goiano e havia várias obras prontas para serem inauguradas", disse.

O deputado que auxiliou a marcar a agenda com o ministro, segundo o prefeito, é o deputado federal José Nelto (Podemos). “Ele (ministro) veio aqui de maneira muito rápida. Desceu do helicóptero dentro da instituição”, relatou. O prefeito também confirma que duas pessoas, que se identificaram como assessores do ministro, foram à cidade na semana anterior para “preparar a visita''. Questionado se confirma que os dois supostos assessores do ministro são os pastores Gilmar e Arilton, ele nega: “Não sei. Sinceramente, não conheço esse povo", negou.

De acordo com Edmario, no dia do evento, ele entregou um documento ao ministro Milton Ribeiro. “Entreguei um documento para ele sobre um Cmei que está parado há mais de dois anos, e continua parado. Não houve nenhum recurso liberado para essa obra. Foi só isso. Não tive nenhuma conversa ou oportunidade com ninguém desse pessoal. Não tenho nada a ver com isso", finalizou.

Investigação
Na quinta-feira, 24, a ministra Cármen Lúcia autorizou a abertura de inquérito para apurar o envolvimento do ministro da Educação, Milton Ribeiro, com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, atendendo pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras. A ministra também deu 15 dias para que MEC e Controladoria-Geral da República (CGU) expliquem o cronograma de liberação das verbas do ministério via Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).


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