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Captação de água no Meia Ponte sofre durante período de estiagem

Mais da metade dos goianos corre risco de ficar sem de água em 20 anos

01/03/2022, às 09:50 · Por Redação

Cerca de 4,3 milhões de goianos, o que corresponde a 60% da população de Goiás, correm risco de desabastecimento de água para os próximos 20 anos, como mostra o jornal O Popular. A situação foi verificada no prognóstico dos Planos de Bacias dos Afluentes do Rio Paranaíba (PBAP) das quatro Unidades de Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos (UPGRH) realizados em parceria entre a Universidade Federal de Goiás (UFG) e o Governo de Goiás.

Os cenários apontam que apenas a unidade dos afluentes do Baixo Paranaíba possui disponibilidade de água para um aumento de demanda, enquanto que as unidades de Corumbá, Meia Ponte e Rio dos Bois já possuem problemas pontuais com a tendência de piora nos próximos anos.

Coordenador Geral do PBAP, engenheiro civil e professor da UFG, Klebber Teodomiro Martins Formiga explica que os problemas com o abastecimento de água não são do futuro, já que existem em algumas cidades atualmente. “Já temos problemas de racionamento durante a seca em algumas cidades, o que deve ocorrer nos próximos anos é uma piora nisso, mais cidades com estes problemas. Há cenários que apontam que toda a bacia pode ficar com problemas”, afirma.

O trabalho, iniciado em 2018, culminou na aprovação dos planos no final de 2021 com a intenção de implementar as ações a partir dos diagnósticos e prognósticos realizados. Os documentos mostram que a unidade do Baixo Paranaíba, localizada no Sudoeste goiano, é a mais rica em água e com menor uso da substância. “Podemos dizer que das quatro unidades é a que está mais tranquila”, diz Formiga.

Ainda assim, há problemas pontuais, como nas cidades de Jataí, Mineiros e Quirinópolis, e ainda uma previsão para já em 2030 um aumento no número de sub-bacias consideradas preocupantes, críticas ou muito críticas, saindo das atuais 5 para 23. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), considera que a unidade “apresenta uma situação mais confortável em termos de sua disponibilidade hídrica, ainda com uma baixa demanda em relação à disponibilidade”.

“Na UPGRH do Rio dos Bois já há pontos de maior atenção como a região de Rio Verde, onde a demanda hídrica é intensa e há conflitos pelo uso da água que já estão sendo trabalhados pela Semad no âmbito do Comitê de Bacia”, avalia a Semad. O coordenador geral dos planos diz que a unidade tem problema sério na sua parte alta, especialmente pela pouca disponibilidade hídrica do Rio dos Bois no período da seca. Isso pode ser evidenciado nos próximos anos com a tendência de usar o manancial para abastecimento de municípios da região metropolitana de Goiânia (RMG), como Trindade e bairros da capital.

O prognóstico para a unidade do Rio dos Bois cita que com uma maior demanda e uma menor disponibilidade, a situação é de classificar como preocupante, crítica ou muito crítica mais de 75% das sub-bacias no ano de 2040. O uso da bacia deste rio para o abastecimento da região metropolitana passa a ser necessário porque a UPGRH do Rio Meia Ponte, que abastece a região, possui cenários ainda piores. Os estudos apontam que com uma maior demanda por água, haveria sub-bacias com problemas em toda a unidade já para o ano de 2030, e para 2040 a previsão é que mesmo com maior disponibilidade, ainda assim, 75% da vazão outorgável natural estaria comprometida.

“Na bacia do Meia Ponte o problema é o balanço hídrico. A disponibilidade média é boa, mas o consumo é maior ainda. A longo prazo será necessário o uso de outros mananciais, como do Rio dos Bois a oeste e do Ribeirão Caldas a leste”, afirma Formiga. A Semad considera que a grande questão está no abastecimento público, já que a bacia abastece a RMG e também o Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia). “Além de conflitos pelo uso da água na região do Alto Meia Ponte e do Caldas (na região do Daia), tem-se ainda a questão da escassez hídrica que tem demandado, desde 2019, ações de enfrentamento da crise hídrica com controle dos usos por meio da emissão de Decretos de Emergência Hídrica".

Já em relação à unidade Corumbá, que inclui ainda Veríssimo e a porção goiana do Rio São Marcos, localizada no sudeste de Goiás, o coordenador geral aponta que há quatro problemas. Um deles é em Catalão, mas houve a solução com a construção de uma represa no município. Já Anápolis, que sofre com desabastecimento devido a indisponibilidade do Ribeirão Piancó, necessita encontrar novo manancial para solucionar a situação. Formiga aponta ainda que já existe um problema grave no entorno sul do Distrito Federal e em Cristalina, onde há a previsão de aumento para mais de 100 mil hectares de irrigação para os próximos anos.

A Semad ressalta que Cristalina é um dos polos de irrigação mais importantes do país e o problema de abastecimento está na bacia do Rio São Marcos, “onde as outorgas foram suspensas em função da limitação da disponibilidade hídrica devida à operação” da usina hidrelética de Batalha. “A questão foi discutida por vários anos até que no fim de 2021 foi assinado o Marco Regulatório do São Marcos, que vai regularizar os usos na bacia”, diz a pasta. Os planos aprovados em 2021 serão usados especialmente para evitar cenários previstos nos prognósticos, em ações diretas dos comitês de cada bacia. Não é necessário que os documentos passem na Assembleia Legislativa.


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