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Goiânia, 29/05/24
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Mudança da avenida seria uma vitória da democracia. Um pontapé para dar fim aos logradouros públicos que celebrem ditadores

Sandes explica voto contra ditador em nome de avenida em Goiânia

24/02/2022, às 16:28 · Por Redação

O experiente Sandes Júnior (PP) – ex-deputado federal e ex-líder do Paço na Câmara de Goiânia  – explica o voto contra ditador em nome de avenida em Goiânia.

 “Perdi duas eleições (2004 e 2008) para Iris Rezende e teria razões para votar contra, mas Iris é a cara de Goiânia. Me senti constrangido. Tenho certeza absoluta que 98% da população queria que ele fosse homenageado.”

A Câmara de Vereadores de Goiânia mudou de ideia e manteve o veto do prefeito Rogério Cruz (Republicanos), no último dia 22, e decidiu não alterar o nome da Avenida Castelo Branco para homenagear o ex-governador e ex-prefeito Iris Rezende, morto em novembro do ano passado. O veto foi mantido por 24 votos a 8.

Um documento contendo 14 assinaturas dos parlamentares solicitou a inclusão na pauta do dia da matéria, atendendo aos comerciantes da avenida Castelo Branco, que ocuparam a galeria pela segunda vez. Eles reivindicaram que o veto fosse mantido e assim que o nome da avenida não fosse alterado. Houve quem gritasse das galerias do plenário que “não houve ditadura no Brasil”.

Em 21 de dezembro de 2021 o plenário havia aprovado substitutivo ao projeto de lei 546/2021, do vereador Clécio Alves (MDB), alterando o nome Castelo Branco, em toda a extensão da via, para avenida Iris Rezende Machado. Três semanas depois o prefeito mandou o veto à Casa. A Procuradoria da Câmara fez parecer que considera o veto antijurídico e descartou a necessidade de abaixo-assinado. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara chegou a aprovar na quarta-feira, 16, a derrubada do veto do prefeito.

Líder do prefeito, o vereador Anselmo Pereira (MDB) liberou a bancada da base para votar como quisesse. O autor da proposta, Clécio Alves, renunciou à liderança da bancada do MDB, por conta da posição de Anselmo e do vereador Henrique Alves (a favor do veto) e chamou de "vermes" os colegas que mudaram de posição. "A pior coisa do homem é a covardia", afirmou.

Juarez Lopes (PDT) justificou que muitos vereadores, após as repercussões, deram um passo atrás para atender o setor comercial. Além de Clécio, os vereadores Marlon Teixeira (Cidadania), Mauro Rubem (PT) e Aava Santiago (PSDB) defenderam a derrubada do veto por entenderem que o nome Castelo Branco homenageia um integrante do governo ditatorial e portanto, não deveria ser perpetuado na história da cidade e do país. “Ele foi da ditadura militar que atuou cassando o mandato de muitos parlamentares com ações antidemocráticas”, disse Aava.

Sabrina Garcez (PSD) propôs que novas obras feitas na cidade como o Anel Viário ou um memorial a ser construído em frente ao Paço Municipal, sejam nominados com o nome de Iris. 

A mudança da avenida seria uma vitória da democracia. Assim como outras capitais fizeram, seria um pontapé importante de Goiânia para dar fim aos logradouros públicos que celebrem ditadores. Melhor ainda: homenagearia alguém que lutou contra a ditadura e é reconhecidamente o construtor de pelo menos dois terços da Goiânia que conhecemos hoje. 

A Lei Orgânica de Goiânia é clara e permite a mudança de nome de logradouros que homenageiam ditadores ou pessoas ligadas à ditadura militar no Brasil (de 1964 a 1985). Um dos articuladores do golpe de 64, o general Humberto de Alencar Castello Branco foi o primeiro dos cinco militares a presidir o País naquele período e deu nome à avenida nos anos 70. Antes, o nome era “Avenida Maranhão”.


Sandes Júnior Câmara de Vereadores de Goiânia Iris Rezende
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