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Goiânia, 29/05/24
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Delegado Waldir diz que Bolsonaro liberou emendas em votações importantes. A da Reforma da Previdência custou R$ 20 milhões em emendas para cada

Delegado Waldir desafiou Lira sobre ‘Bolsolão’, diz Sakamoto

24/11/2021, às 08:38 · Por Redaçaõ

Segundo o colunista Eduardo Sakamoto, do UOL, o deputado federal Delegado Waldir (PSL) desafiou o presidente da Câmara dos Deputados sobre orçamento secretário, conhecido como “Bolsolão”, após Arthur Lira (PP-AL) procar qualquer parlamentar vir a público para dizer que "alguém ofereceu emendas em troca de votar uma matéria".

Prontamente obedecido, o site The Intercept Brasil publicou, no sábado, 20, uma entrevista exclusiva com o deputado federal Delegado Waldir (PSL-GO), ex-líder do PSL, confirmando que o governo Bolsonaro liberou emendas em votações importantes. A da Reforma da Previdência custou R$ 20 milhões em emendas para cada, por exemplo.

A coincidência foi percebida pelo repórter Guilherme Mazieiro, do Intercept, que entrevistou Waldir nos meses de outubro e novembro, em sua conta no Twitter. O ex-bolsonarista afirmou a ele que votos para a eleição do próprio Lira para o comando da Câmara foram vendidos a R$ 10 milhões em emendas do orçamento secreto para cada deputado. E que ele mesmo recebeu a oferta. 

Delegado Waldir é mais um dos nomes da longa lista de ex-aliados que Bolsonaro foi deixando pelo caminho e que tem voltado para assombrá-lo. Ficou famoso o áudio de uma reunião, em outubro de 2019, em que ele aparece chamando o presidente de "vagabundo" e dizendo que iria implodi-lo.

A gravação foi divulgada por Daniel "Surra de Gato Morto" Silveira (PSL-RJ), que ficou famoso por rasgar uma homenagem a Marielle Franco e ser preso por ameaçar ministros do STF. Naquele momento, Waldir estava revoltado pois o presidente estaria articulando sua destituição como líder do partido pelo qual se elegeu.

Congressistas mandaram bilhões de reais aos seus redutos eleitorais, sem transparência ou possibilidade de controle público, através das emendas de relator. O "orçamento secreto", que funciona como um Bolsolão, o mensalão de Jair, foi revelado pelo jornal O Estado de S.Paulo, em uma série de reportagens a partir de maio deste ano. 

Entre as revelações, estava a compra, através dessas emendas, de tratores e equipamentos agrícolas superfaturados, sob a suspeita de que parte dos recursos voltaria aos parlamentares. Após ações movidas por partidos de oposição, o plenário do Supremo Tribunal Federal confirmou liminar suspendendo a farra. O que irritou Lira e Bolsonaro. 

Os deputados poderiam ter usado a mesma criatividade com a qual montaram e abastecem essa estrutura de pagamentos para encontrar formas de bancar os R$ 400 do Auxílio Brasil sem passar pela PEC dos Precatórios - um calote em dívidas públicas que dá uma banana até para aposentados.

Mas a proposta não nasceu para matar a fome dos mais pobres e sim garantir até R$ 30 bilhões a mais no orçamento a fim de deputados gastarem, na forma de emendas, em seus redutos nas eleições.



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