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Goiânia, 29/05/24
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Foto: Maykon Cardoso

O procurador de Contas Henrique Pandim Barbosa Machado afirmou que a contratação tinha “uma série de vícios jurídicos, inconsistências procedimentais e indícios de favorecimento indevido” à FIA

TCM obriga Rogério Cruz a recuar de gastos suspeitos que somavam R$ 78 milhões

04/10/2021, às 19:03 · Por Eduardo Horacio

Em duas ações distintas, o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) obrigou a Prefeitura de Goiânia a recuar de realizar despesas que, somadas, desfalcariam o caixa do município em até R$ 78 milhões. O prefeito Rogério Cruz (Republicanos) havia autorizado despesas com contratação de consultoria e empresa para aplicação de vacinas.

Nos dois casos, não houve anúncio prévio de contração, descobertos pela imprensa por meio do Diário Oficial do Município. Com a repercussão negativa, os dois contratos viraram alvos de investigação do TCM e também de acompanhamento do Ministério Público Estadual. Sob pressão, Rogério Cruz desistiu dos dois contratos.

O primeiro recuo ocorreu devido a uma ação do Ministério Público de Contas (MPC) do TCM investigar a contratação de uma empresa de consultoria para o Instituto de Previdência dos Servidores do Município de Goiânia (GoianiaPrev) e encontrar suspeitas de diversas irregularidades. A consultoria da Fundação Instituto de Administração (FIA), com dispensa de licitação, teria custo total de R$ 31 milhões.

O procurador de Contas Henrique Pandim Barbosa Machado afirmou que a contratação tinha “uma série de vícios jurídicos, inconsistências procedimentais e indícios de favorecimento indevido” à FIA. Na representação do MCP, o procurador avaliou que a Prefeitura de Goiânia sequer sabia quais eram suas próprias necessidades.

Vacinação
Apesar da competência reconhecida de realizar campanhas de vacinação com alcance de toda a população, a Prefeitura de Goiânia anunciou, em maio, a contratação de uma empresa para aplicar 1 milhão de doses de vacinas contra a Covid-19. A terceirização inédita da vacinação na Capital imediatamente levantou suspeitas.

No edital publicado pela gestão municipal, a previsão era gastar até R$ 56,6 milhões para a contratação do serviço. No entanto, a empresa vencedora do pregão apresentou custo total de R$ 47,3 milhões. No entanto, o Serviço Social da Indústria (Sesi) também havia apresentado proposta com custo muito inferior, de aproximadamente R$ 10 milhões. O Sesi acabou desclassificado pela comissão julgadora por considerar a proposta inexequível.

Em ação junto ao TCM, o Sesi conseguiu provar que poderia honrar o contrato e obrigou a gestão municipal a realizar um novo pregão. Na nova consulta, em agosto, o Sesi apresentou a proposta vencedora de R$ 13,9 milhões, considerando um aumento do custo inicial.

Quase dois meses após a realização da licitação, o secretário municipal de Saúde, Durval Pedroso, anunciou que a Prefeitura de Goiânia iria desistir da terceirização da vacinação na Capital. Segundo ele, não vê utilidade do contrato. “Acredito que a decisão seja de não homologar, porque Goiânia está conseguindo vacinar com sua competência e sem apoio”, afirmou ao Popular. 


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