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Goiânia, 29/05/24
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Dos sete conselheiros que estavam aptos a votar a prestação de contas da administração estadual, cinco são ex-políticos que chegaram ao Tribunal, direta ou indiretamente, pelas mãos do ex-governador Marconi Perillo

Foto: Divulgação

Inédita reprovação de contas aponta desidratação política de Marconi

06/06/2019, às 00:09 · Por Eduardo Horacio

O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) sofreu uma de suas piores derrotas ao ter as contas de seu último mandato (2015-2018) rejeitadas previamente pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), na última terça-feira, 4 de março. Além do imbróglio jurídico, que pode levar à perda dos direitos políticos por oito anos, Marconi amarga uma desidratação política inédito.

Dos sete conselheiros que estavam aptos a votar a prestação de contas da administração estadual, cinco são ex-políticos que chegaram ao Tribunal, direta ou indiretamente, pelas mãos do ex-governador Marconi Perillo. Apenas dois são técnicos de carreira do TCE. Para ter contas rejeitadas, o ex-governador sofreu revés inclusive entre seus antigos aliados.

O conselheiro Sebastião Tejota votou pela reprovação das contas de Marconi e José Eliton. O conselheiro foi presidente da Assembleia e chegou ao TCE, em janeiro de 2003, por indicação direta do então governador tucano. Pai do atual vice-governador Lincoln Tejota (Pros), o conselheiro já havia se afastado do tucano.

Outros dois conselheiros manifestaram impedimento para julgar as contas dos ex-governadores tucanos. Na prática, a decisão de Carla Santillo e Edson Ferrari favoreceu os votos contrários à aprovação das contas. Filha do ex-governador Henrique Santillo, Carla foi deputada estadual pelo PSDB e indicada ao TCE por Marconi. Edson Ferrari foi secretário particular do tucano e também chegou ao Tribunal por indicação dele.

Sem os dois votos técnicos, do presidente Celmar Rech e do relator Saulo Marques Mesquita, restou a Marconi e Eliton os apoios de Helder Valin e Kennedy Trindade – ambos ex-deputados estaduais e que também chegaram ao TCE pelas mãos de Marconi, em roteiro idêntico aos demais.

Em anos anteriores, mesmo diante de questionamentos importantes, as contas de Marconi Perillo sempre eram aprovadas. No máximo, faziam ressalvas ou determinavam correção pontual nas contas das administrações comandadas pelo tucano.

Temperatura
Marconi demonstrou força com duas vitórias jurídicas há uma semana: o rebaixamento da Operação Cash Delivery para a Justiça Eleitoral e o arquivamento da primeira etapa da Operação Decantação. Se na Justiça obteve êxito, o tucano parece ter acreditado demais nos seus antigos aliados do TCE – esses bem menos imunes à temperatura política.

Agora, Marconi e José Eliton serão alvos de avaliação política. As contas, enfim, serão apreciadas pela Assembleia Legislativa. O tucano tem aliados na Casa, mas viu a base política do governador Ronaldo Caiado (DEM) se consolidar nas últimas semanas.



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