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Goiânia, 29/05/24
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Mantovani Fernandes / Divulgação

Ex-governador Marconi Perillo (PSDB): mesmo com capital político em frangalhos, influência do tucano nos bastidores é considerável

Vitórias jurídicas mostram força da rede construída por Marconi em 20 anos

29/05/2019, às 00:03 · Por Eduardo Horacio

O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) ainda desfruta dos 20 anos de poder em Goiás. Sua grande rede de influência continua. Em quatro mandatos à frente do Palácio das Esmeraldas, o tucano nomeou desembargadores, procuradores em listas e encheu os tribunais de contas de aliados.

Com mandato de governador ou de senador, Marconi sempre se desvencilhou de problemas com a Justiça com certa tranquilidade. De relevante, enfrentou um processo que esteve próximo de cassar seu mandato de governador, em 2002, e, dez anos depois, viu-se envolvido na Operação Monte Carlo, que trouxe à tona a influência de Carlinhos Cachoeira no governo. Sobreviveu aos dois embates e ainda recuperou popularidade após o desgaste do Caso Cachoeira. Os demais processos dormiram por anos nas gavetas do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Varrido das urnas pela conjuntura nacional e pelo imenso desgaste acumulado nesses anos de poder, Marconi Perillo enfrentou diversos problemas após o término da eleição – em que encerrou a disputa por uma vaga no Senado em um assombroso quinto lugar. Sem foro privilegiado, chegou a ser preso pela Polícia Federal e viu seus processos descerem à esfera estadual.

Quando o ex-governador passou a frequentar mais as páginas policiais do que o noticiário político, ele decidiu submergir completamente. Mudou-se de Goiás, relegou os embates políticos locais a um segundo plano, abandonou seu partido e ocupou-se de sua defesa nos muitos processos em que foi arrolado.

Nesta segunda-feira, 27, Marconi conseguiu duas vitórias importantes, mas não surpreendentes. A primeira delas, a transferência da Operação Cash Delivery para a Justiça Eleitoral, pleito da defesa do ex-presidente da Agetop, Jayme Rincón, do qual o ex-governador também beneficiou-se. Na esfera eleitoral os crimes se resumem a caixa dois e as possíveis penas, em caso de condenação, são brandas.

No mesmo dia, Marconi comemorou outra vitória nos bastidores. O juiz federal Rafael Ângelo Slomp, da 11ª Vara de Goiânia, rejeitou denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) na Operação Decantação 1.O juiz considerou a narrativa genérica e apontou criminalização da atividade política por parte do MPF. Detalhe: até as carcomidas tubulações de água sabem que a Saneago foi saqueada.

Se a recuperação do capital político desmanchado em 2018 segue distante para as pretensões de Marconi Perillo, a força jurídica do tucano não é nada desprezível. Verdade que o ex-governador ainda tem uma pilha de processos para se ocupar, alguns com potencial para levá-lo novamente à sede da Polícia Federal. Resiliente, Marconi certamente não descansará enquanto não enterrar os demais processos e voltar a obter foro privilegiado. Até agora, sem nenhuma condenação, Marconi segue sendo ficha-limpa e pode se candidatar a qualquer cargo. É assim que ele pretende ficar até 2022. 


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