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Goiânia, 29/05/24
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Caiado e Paulo Guedes, ontem em Brasília: metade dos recursos do FCO será usado para investimentos e o restante para custeio da máquina

Caiado pode conseguir R$ 930 milhões de empréstimo, bem menos do que imaginava

15/05/2019, às 00:08 · Por Eduardo Horacio

O governador Ronaldo Caiado (DEM) foi surpreendido na terça-feira, 14, com a informação de que o governo federal havia adiado mais uma vez o envio ao Congresso Nacional do Projeto de Lei que socorre estados endividados (Lei Mansueto ou PEF) – entre eles, Goiás. O democrata correu para Brasília e reuniu-se com o ministro da Economia, Paulo Guedes, no início da noite. 

Ao final do encontro com Guedes, Caiado mudou o discurso e passou a defender a criação de uma Medida Provisória que autoriza uso de recursos do Fundo de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e não mais a lei cujo objetivo é financiar estados. Mesmo com a pressão e cobrança de governadores, sobretudo de Caiado, o envio do projeto de lei deve ficar para junho.

De acordo com Ronaldo Caiado, a medida provisória autorizaria o Estado a usar até 30% dos recursos do FCO. O orçamento do Fundo para Goiás este ano é de R$ 3,1 bilhões. Ou seja, o governo poderia contrair empréstimo de aproximadamente R$ 930 milhões – o valor é compatível ao projetado com a efetivação da Lei Mansueto. Ainda segundo o governador, metade dos recursos do FCO seria usado para investimentos e o restante para custeio da máquina (pagamento da folha dos servidores e de fornecedores).

Tiro no pé
A decisão de Ronaldo Caiado de transferir para o governo de Jair Bolsonaro toda e qualquer alternativa de resolver a crise financeira do Estado mostra-se equivocada desde o início. Ainda que o governador alcance seu objetivo com plano A (Lei Mansueto) ou B (recursos do FCO), os valores envolvidos nessas negociações estão distantes de resolver o endividamento do Estado.

Ao usar dinheiro emprestado para arcar com pagamento de servidores e fornecedores, Caiado apenas adiará o problema das contas públicas. Se o déficit permanecer, em poucos meses o dinheiro extra vai se exaurir e o descompasso financeiro poderá ser ampliado devido aos juros dos valores emprestados. Além disso, ao usar dinheiro do FCO, o Estado irá diminuir o bolo que empresários utilizam para financiamento do setor produtivo.

O governador Ronaldo Caiado enfrenta dificuldades desde de que assumiu, em janeiro, um governo completamente falido – herança das gestões de Marconi Perillo e José Eliton, ambos do PSDB. O Estado possui uma dívida histórica superior a R$ 20 bilhões, com descompasso entre receitas e despesas de pelos menos R$ 3 bilhões ao ano. 

Ronaldo Caiado herdou ainda o não pagamento da folha dos servidores do mês de dezembro. Pelos números, vê-se que o potencial de ajuda em Brasília é mero paliativo. O governador precisa fazer essa conta. 


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