Análise: Marconi reaparece no cenário político e quem mais ganha é Ronaldo Caiado

Nas últimas semanas, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB) voltou ao cenário político em Goiás. Mais de dois anos afastado, o tucano retomou suas redes sociais e, nos bastidores, se movimenta de olho na eleição de 2022, quando provavelmente disputa mandato de deputado federal – embora no escritório do Setor Sul onde despacha diga para todos os interlocutores que é candidato a governador. Neste retorno no ano que vem, Marconi aposta que a população goiana já o anistiou pelos erros dos 16 anos em que esteve à frente do governo de Goiás.

Marconi Perillo chegou a ser preso em operação deflagrada pela Polícia Federal, em outubro de 2018, que investigava desvios em seu quarto mandato de governador. Responde a mais de 20 processos por diversos crimes – desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, entre outros. Nas urnas, terminou derrotado na disputa pelo Senado e, desde então, exilou-se em São Paulo.

A vitória de Ronaldo Caiado (DEM) ao governo pôs fim a uma longa trajetória de vitórias de Marconi, iniciada em 1998 e repetida em 2002, 2010, 2014, além da eleição para o senado em 2006. Naquele momento, os governos tucanos haviam deixado pequeno legado e acumulado dívidas que ameaçavam o futuro dos goianos.

O esmagamento de qualquer oposição e gastos fartos com comunicação ajudaram a abafar, por anos, as denúncias de corrupção e fomentaram uma narrativa grandiosa. Por outro lado, os governos do PSDB levaram Goiás literalmente à falência - com dívida acumulada bilionária e a venda (a preço de banana) da principal empresa indutora do desenvolvimento do Estado, a Celg.

É nesse cenário inóspito que Caiado herdou o governo de Goiás há pouco mais de dois anos. Pôs-se a cortar despesas, pagar ou renegociar dívidas e tentar dar andamento a centenas de obras paralisadas – havia hospitais com obras iniciadas há mais de uma década. Não bastasse as dificuldades de toda essa herança, Caiado ainda passou a enfrentar as consequências da pandemia de Covid-19.

O ressurgimento de Marconi, com discurso de vítima, é a estratégia da vez. Marconi sustenta que vive em São Paulo dos honorários de uma consultoria, por não encontrar trabalho no Estado. Por outro lado, ao confrontar Marconi, o governador Caiado pisa em território seguro pois acredita que está ‘montado na verdade’, para usar um termo que ele mesmo costuma repetir.

Por fim, as respostas de Ronaldo Caiado a Marconi servem, sobretudo, para reviver na memória dos goianos o que era Goiás em 2018. O tucanato segue, tentando se reorganizar, para a sorte de Caiado. Sorte? Sim, não há alvo melhor para Caiado no momento. Rebater, em praça pública, quem acumula mais rejeição do que qualquer outro ator político em Goiás é o sonho de Caiado, enfim realizado. 

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