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Materno Infantil interditado: governo fez muito barulho, se auto elogiou, mas hospital está completamente abandonado

Com novos nomes e marcas, Caiado promove reforma cosmética em Goiás

30/04/2019, às 00:01 · Por Diene Batista

Eleito com a promessa de mudança em Goiás, o governador Ronaldo Caiado (DEM), até agora, tem promovido, até agora, apenas uma reforma cosmética no Estado. Três ações recentes comprovam a tese. 

Primeiro, a mudança de nome do órgão do governo responsável por tocar importantes ações de infraestrutura. A Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop) virou Goinfra. Comandada por Jayme Rincón (PSDB), homem de confiança do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) - que foi inclusive tesoureiros em suas campanhas - a agência se viu envolvida em escândalos como os revelados pelas Operações Compadrio e Cash Delivery. 

A Compadrio, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP/GO), apurou a atuação de um grupo suspeito de usar funcionários fantasmas e empresas laranjas para instrumentalizar desvios de dinheiro público. Entre as ações, estão favorecimento em licitações públicas, lavagem de dinheiro e retirada fraudulenta de restrições bancárias, cartorárias e no cadastro de proteção ao crédito. Entre os presos, o então diretor de Obras da Agetop, Marcos Musse. 

Já a Cash Delivery, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pelo Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO), investigou as práticas de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa atribuídas a Marconi, com a colaboração de Rincón. Até o filho do ex-presidente da Agetop, Rodrigo Godoi Rincon, chegou a ser preso. O rapaz teria recebido dinheiro vivo, em seu apartamento em São Paulo; sendo os valores obtidos oriundos de propina. 

Em janeiro, em entrevista à CBN Goiânia, ele disse que a agência havia se transformado em sinônimo de corrupção e chegou a convicar os ouvintes para enviarem sugestões de nomes. Alguns dias depois, a mudança. Por  meio do projeto de lei Nº 178/19, a Agetop se transformava em Goinfra: Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (Goinfra). 

Obviamente, a simples mudança de nome não produziu nenhum efeito prático. As rodovias estaduais, por exemplo, seguem em más condições, o que motivou, inclusive, a instalação de polêmicas placas em cidades turísticas goianas, no feriado da Semana Santa. 

Em abril, uma nova mudança. Desta vez, na Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), que  passou a ter uma nova identidade visual.  A mudança tem a promessa de vir ancorada em modificações nas formas de atuação da entidade, agora com um convite ao voluntariado e o reforço das parcerias. 

Na prática, o carro-chefe da OVG, o Programa Bolsa Universitária (PBU), deve  R$ 75,8 milhões milhões a 85 instituições de ensino privadas do Estado. No começo do ano, um acordo foi firmado entre o Governo de Goiás e o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Educação Superior do Estado de Goiás (Semesg) para a continuidade do programa em 2019. Certamente, para 2020, serão necessários novos remendos a este acordo - e um novo visual gráfico à OVG não será capaz de trazer as soluções necessárias à demanda. 

Por fim, o Hospital Materno Infantil foi alvo de muito barulho por parte do governador e seus auxiliares. Inclusive com o dinheiro doado de dois carros que foram a leilão, mas que não cobriram nem 0,5% do custeio do hospital. Solução, mesmo, não houve até agora, tanto que a Superintendência Regional do Trabalho pediu ontem a interdição total do hospital. 

Para além destas reformas cosméticas, ações reais são necessárias para, de fato, inaugurar um novo tempo para Goiás e para os goianos.


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