Poder Goiás
Goiânia, 29/05/24
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Reprodução/Facebook de Caiado

Caiado defendeu a Sama e o uso do amianto, de forma aberta, no último sábado, 27, em todas as suas redes sociais

Caiado, que volta a defender o amianto, já recebeu R$ 400 mil da Sama em duas eleições diferentes

29/04/2019, às 00:06 · Por Eduardo Horacio

O Supremo Tribunal Federal (STF) já decidiu, com base em laudos de especialistas, que o amianto deve parar de ser produzido no Brasil. Nada disso, no entanto, tem sido empecilho para os políticos que defendem o amianto no Brasil, em especial a mineradora Sama. Inclusive o governador Ronaldo Caiado (DEM), que nunca deixou de defender o amianto na fábrica da Sama em Minaçu (GO), apesar do amianto já estar banido em 90% do mundo (pelos perigos causados à saúde dos trabalhadores), já que vários laudos internacionais atestam isso. 

Inclusive no último sábado, 27 de abril, um release oficial do governador veio com o seguinte título: “STF precisa rever decisão de fechar a Sama”, diz Caiado. O governador esteve pessoalmente na fábrica da Sama em evento que ainda contou com a presença do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), do senador Vanderlan Cardoso (PSB) e de outros parlamentares que visitaram a cidade para se solidarizar com a Sama. 

O hoje governador Ronaldo Caiado (DEM), quando foi deputado federal, teve a Sama S.A. Minerações Associadas, produtora de amianto, como a maior doadora de sua campanha em 2002: R$ 100 mil. Doze anos depois, em 2014, com Caiado candidato ao Senado, o valor doado pela mesma Sama exclusivamente para Ronaldo Caiado foi de R$ 300 mil, em dois cheques de R$ 150 mil. Tudo contabilizado nas contas dele. 

Amianto, Morte Lenta
A relação entre Caiado e o amianto e a Sama já foram exploradas até mesmo em um filme, bastante premiado e vencedor do 7º Festival de Cinema Ambiental da Cidade de Goiás (Fica), em 2005. Trata-se do filme Asbestos, Slow Death (Amianto, Morte Lenta), da diretora francesa Sylvie Deleule. A exibição foi criticada na época pelo Instituto do Amianto Crisotila e pela Comissão dos trabalhadores do Amianto. O filme (que pode ser visto aqui) conta a história do banimento do amianto na França e mostra a situação no Brasil, destacando o projeto de lei que tentou proibir o minério no Brasil. O relator do projeto? O então deputado federal Ronaldo Caiado, que votou pelo seu arquivamento na época. 

O filme expõe que a mineradora Sama, que extrai amianto crisotila em Minaçu (GO), contribuiu financeiramente para a campanha eleitoral de Caiado e vários outros políticos goianos. Na época, o coordenador da mostra, Nasr Chaul, chegou a dizer oficialmente que o então deputado Ronaldo Caiado lhe telefonara para "manifestar seu descontentamento" com o fato de o júri ter selecionado o filme e "questionou sua participação na mostra". Chaul disse ter explicado a Caiado que o festival seria “democrático” e não poderia censurar a participação de um filme. Caiado, à época, negou que tenha conversado com os organizadores do festival. E ele, Caiado, foi o único político goiano a aparecer explicitamente no filme defendendo o amianto e a Sama mineradora. 


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