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Goiânia, 29/05/24
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A decisão de Rogério Cruz de ceder a esses dois desejos veio no início de março. Na visão da cúpula, encampada pelo prefeito, o luto já havia passado e as mudanças deveriam começar logo.

Rogério Cruz elege Wanderley Tavares como homem forte, atropela MDB e ataca até legado de Iris Rezende

05/04/2021, às 09:25 · Por Eduardo Horacio

A decisão do prefeito Rogério Cruz (Repúblicanos) de promover uma ampla reforma administrativa antes mesmo de completar três meses de mandato – e dois meses depois da morte de Maguito Vilela – parece atender as vontades de seu partido em nível nacional e ao desejo da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) por postos estratégicos da Prefeitura de Goiânia. As mudanças vieram após pressão da direção nacional do partido e sequer levam em conta o trabalho deixado pelo ex-prefeito Iris Rezende (MDB).

Rogério Cruz assumiu em definitivo o comando do Paço em 15 de janeiro, dois dias após a morte de Maguito Vilela, por complicações da Covid-19. Ao assumir, o prefeito foi claro em anunciar tom conciliador e enfatizar o propósito de levar adiante do plano de governo deixado por Maguito e a continuidade da gestão de Iris, mote vencedor da eleição.

Não demorou muito e Cruz passou a ser pressionado pela cúpula de seu partido e pela Iurd a promover mudanças. A decisão de Rogério Cruz de ceder a esses dois desejos veio no início de março. Na visão da cúpula, encampada pelo prefeito, o luto já havia passado e as mudanças deveriam começar logo.

Em reuniões com o presidente do MDB, Daniel Vilela, as primeiras alterações foram anunciadas. Apesar da resistência inicial e do alerta das consequências que tais mudanças ocasionariam, a decisão já estava tomada. A surpresa maior estava no interlocutor: Wanderley Tavares, presidente do Republicanos no Distrito Federal.

Depois de alguma negociação, foram definidas as trocas em cinco pastas: Governo, Comunicação, Comurg, Educação e Cultura. As três primeiras por interesse da cúpula do Republicanos da Iurd e as duas últimas por vontade pessoal de Rogério Cruz, que tinha desavenças pessoais com os até então titulares. O primeiro anúncio foi a saída de Andrey Arezedo da secretaria de Governo e a chegada de Arthur Bernardes, já sugerido por Wanderley.

Mesmo contrariado, a decisão do MDB era de se adaptar e acatar as mudanças. O partido considerava natural um maior espaço para o Republicanos, mesmo avaliando como precipitadas as mudanças com menos de dois meses da morte de Maguito, sem contar a preocupação com a chegada de nomes que não conheciam Goiânia.

A temperatura voltou a subir com o rompimento de acordos, alguns menores e outros maiores, e novas decisões cada vez mais precipitadas. Entre elas, a saída de Andrey, que ocorreria após ele assumir cargo em Brasília. O acordo não durou 24 horas. A substituição de Marcela Araújo na Secretaria de Administração, que não foi acordada em momento algum, também ajudou a tensionar ainda mais a relação.

Depois de diversas reuniões e consultas internas, Daniel Vilela decidiu colocar o rompimento em pauta com a decisão de Rogério Cruz de substituir também Zilma Campos Peixoto da presidência da Amma. A secretária era um dos símbolos do mandato exitoso de Iris Rezende. Além disso, estava claro que o partido Republicanos e a Igreja Universal não estavam dispostos a acordos e continuariam a fazer mudanças.

Obras paralisadas
A substituição acelerada de auxiliares não foi o único fator a causar incômodo entre os emedebistas. A decisão de Rogério Cruz de suspender o contrato de reconstrução do asfalto de 630 quilômetros de ruas e avenidas da Capital deixou perplexo o comando do MDB. A medida, sem nenhuma comprovação de irregularidade, não representava apenas paralisação da atual gestão, mas também era vista como afronta ao ex-prefeito Iris Rezende. E mais: por que parar as obras justamente no momento da seca?

O mesmo Diário Oficial que trouxe o decreto de suspensão do contrato também trouxe outras surpresas, criando comitês de gestão e concentrando poderes na Secretaria de Governo, agora sob o comando de Arthur Bernandes, nome forte da “nova gestão” e que foi sugerido por Wanderley Tavares.

Em reunião com todo secretariado para detalhar um dos decretos, que cria um plano de governança para o Município, o secretário de Finanças, Alessandro Melo, rebateu com veemência as mudanças. Melo classificou os decretos como “retrocessos” e afirmou haver grande desconhecimento dos méritos da gestão de Iris Rezende e que o atual governo se propunha a dar continuidade. Rogério Cruz ouviu as queixas, mas não se manifestou.


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