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Goiânia, 29/05/24
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Foto: Divulgação/TV Bandeirantes

Parece provocação mas não é: Caiado pegou o plano de governo de Lula de 1989 e está aplicando em Goiás 30 anos depois?

Algumas ideias econômicas do governo Caiado são de esquerda, de fazer inveja ao Lula-lá de 1989

02/05/2019, às 00:04 · Por Eduardo Horacio

Há algo curioso e confuso no discurso e nas ações do governador Ronaldo Caiado (DEM). Se na segurança pública e outras áreas, o rumo ideológico do governo está na direita (como se esperava), na política econômica adotada pelo seu governo há uma surpresa. Ela se aproxima muito do plano de governo apresentado pelo Psol na última eleição para governador ou, para fazer uma comparação mais vintage, se assemelha à do PT dos anos 80, sobretudo o plano econômico apresentado pelo então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial de 1989, pleito histórico do qual Caiado também participou como candidato. 

A surpresa: nesses quatro meses de mandato, as propostas econômicas apresentadas por Caiado são até agora, em sua maioria, de esquerda ou extrema-esquerda. Antes mesmo da posse, Caiado forçou empresários a rediscutir contratos já existentes de incentivos fiscais - e conseguiu, aumentando a insatisfação dos empresários e também provocando a fuga de Goiás de algumas empresas (antes de Caiado, só o então governador petista Olívio Dutra, de 1999 a 2002, enfrentou a batalha dos incentivos fiscais e também viu empresas irem embora do Rio Grande do Sul). 

Já depois da posse, Caiado iniciou um levante contra a empresa italiana Enel, compradora da Celg, e levou adiante a quebra de contrato entre o Estado de Goiás e a Enel, se recusando a manter tanta isenção de imposto para a mesma, o que provocou a ira de entidades empresariais do Estado. A Enel até soltou nota afirmando que a suspensão da isenção de impostos “fere a segurança jurídica, viola direitos adquiridos e prejudica o ambiente de investimentos no Estado e no País” e já recorre na Justiça para reverter a decisão do governo goiano. 

Agora, por último, o governo Caiado revelou a intenção de oficializar calote da dívida de Goiás com bancos federais - e quer o aval do Supremo Tribunal Federal (STF) para isso. A ideia é praticar o calote agora e entrar com ação no STF para que o governo federal não possa bloquear repasse de recursos, caso Goiás não pague os empréstimos feitos com os Banco do Brasil, Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e Caixa Econômica Federal.

Se o governador de Goiás fosse alguém de esquerda e não um símbolo de direita, como Ronaldo Caiado, como os mercados reagiriam? Novos tempos, nova política. 


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