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Goiânia, 29/05/24
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A principal oposição a Caiado até aqui está sendo o próprio Caiado, que não aproveita o céu de brigadeiro

Caiado, sem oposição, não aproveita o céu de brigadeiro na política goiana

24/04/2019, às 00:05 · Por Eduardo Horacio

A vitória de Ronaldo Caiado (DEM) na eleição para governador em 2018 foi acachapante: foi eleito no primeiro turno com 59,7% dos votos, com mais de 40 pontos de distância para o segundo colocado e ainda saboreou Marconi Perillo (PSDB) amargar apenas 7,5% dos votos para o Senado. O que se deu, a partir de então, foi um verdadeiro cenário de terra arrasada para os adversários de Caiado - sobretudo para os marconistas. E até hoje Caiado, com quase quatro meses de mandato, desfruta desse cenário. A novidade é o governador não saber aproveitar nadinha do bônus que colheu das urnas. Se o governo Caiado tem problemas com a crise financeira do Estado (e ela é real), a crise política não é provocada pela oposição e só é fomentada pelos próprios caiadistas. 

Não é segredo que governadores e presidente em primeiro mandato costumam ter poderes quase imperiais nos primeiros seis meses, graças à popularidade com que assumem. Mas, assim como Bolsonaro, o governador goiano também não consegue surfar na onda positiva criada em torno dele. Em vez de fazer um governo centrado, propositivo, com soluções para Goiás, Caiado continua se perdendo no eterno gozo das críticas sem fim, improdutivas, contra governos anteriores, sobretudo de Marconi Perillo, que governou o Estado por quatro mandatos nos últimos 20 anos. A principal oposição a Caiado até aqui está sendo o próprio Caiado - exemplo maior é birra de não pagar a folha dos servidores públicos em ordem cronológica, pulando o mês de dezembro só para tentar desgastar ainda mais o marconismo. 

Se o objetivo de Caiado, entre outros, é desconstruir o marconismo, o caminho deveria ser outro. O correto é fazer isso entregando todas as provas que têm para o Ministério Público apurar e levar à Justiça. Não adianta chefe do Executivo tentar fazer justiça com as próprias mãos: é ilegal, não dá resultado prático nenhum, não pega bem com o eleitor e só atrapalha seu governo (até porque vários de seus auxiliares foram aliados do marconismo durante quase todos os mandatos tucanos). 

Cada vez mais, marconistas, antes escondidos em suas tocas, começam a ensaiar uma oposição a Caiado. Tudo ainda muito incipiente, até porque a credibilidade de quem esteve do lado tucano segue baixa com grande parte do eleitorado. Mas já já a situação pode ser outra. E Caiado terá percebido, tardiamente, que não aproveitou nadinha do verdadeiro céu de brigadeiro que vive desde que ganhou as eleições em outubro.


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