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Foto: Divulgação

Fátima deveria pedir ao governador Ronaldo Caiado que maneirasse nos cortes da educação

Fátima Gavioli acerta em não ser adepta do Febeapá, mas precisa parar de fechar escolas

15/04/2019, às 00:03 · Por Eduardo Horacio

Indo na contramão do governo federal, a secretária estadual de educação, Fátima Gavioli, acerta em não aderir ao Febeapá (Festival de Besteira que Assola o País, alusão ao termo cunhado por Stanislaw Ponte Preta, 'nickname' do jornalista Sérgio Porto) e rejeita a discussão rasteira e falsa que se dá no plano nacional de achar que o grande problema educacional do Brasil passa por "ideologia de gênero" ou "escola sem partido", duas besteiras que não encontram qualquer ressonância na realidade. 

Quando perguntada sobre ideologia de gênero e escola sem partido, Fátima foi lúcida e lamentou que se gaste tanta energia para debater temas que não fazem parte do verdadeiro debate da educação público. “O que é ideologia de gênero? Eu nunca vi essa discussão na escola. Tenho 50 anos de idade e quando fui alfabetizada no Paraná, meu livro já mostrava o corpo humano, incluindo os órgãos genitais”, disse em entrevista à Rádio Sagres 730. Da mesma forma, destacou que também não existe debate partidário em sala de aula que justificaria a adoção do tal do “escola sem partido”. “O professor não discute se o candidato a presidente deve ser A ou B, se o candidato a governador deve ser o candidato A ou B”, afirmou.

Sobre as escolas militares, Fátima disse não ser contra "nenhum tipo de escola" mas foi na ferida ao dizer que não é justo que os professores da escola militar recebam gratificações maiores que os professores de outros tipos de escola. "Não dá para pegar todo dinheiro da educação e pôr em um modelo de escola. Não podemos dar tratamento desigual a iguais”, disse também na Sagres. 

Mas, na prática do cotidiano como secretária, Fátima deveria pedir ao governador Ronaldo Caiado (DEM) que maneirasse nos cortes de sua pasta. Não dá pro corte ser linear de 20% em todas as pastas, especialmente nas secretarias de Educação, Saúde e Segurança Pública. São três áreas que merecem atenção especial e não faz sentido fechar escolas-modelo no Estado só por questão de economia (a meta é, ao todo, chegar ao fechamento de 46 escolas). 

Como bem lembrou Marcus Vinicius Faria Felipe, em artigo no Diário de Goiás, a Escola Estadual Professora Naly Deusdará, no Parque das Laranjeiras, em Goiânia, não poderia nunca ser fechada. Recentemente ela foi pintada e teve reparos na fiação elétrica e banheiros custeada pela comunidade, nos arredores dos bairros Santa Cruz, Chácara do Governador, Bela Vista, Alto da Glória. A escola desenvolvia aulas de violão, dança, capoeira, artesanato, ioga e outras práticas para juventude e terceira idade. "Seu fechamento, sem uma negociação prévia ou apresentação de uma alternativa, constitui prejuízo à estas comunidades", assinalou Marcus Vinicius.

Se fechar escola, algo terrível, é mesmo inevitável, que pelo menos haja mais cuidado e critério para não fechar escolas que funcionem muito bem, como é o caso desta do Parque das Laranjeiras. 


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