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Goiânia, 29/05/24
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O ex-governador fez uma espécie de prestação de contas ao longo de sua fala, citando os feitos de suas gestões à frente do Estado, mas não fez menção às inúmeras denúncias contra si, a exemplo de Operação Cash Delivery

Marconi reaparece e tenta fazer autocrítica da derrocada do PSDB após processos de corrupção

21/10/2020, às 13:28 · Por Pedro Lopes

O ex-governador Marconi Perillo (PSDB) reapareceu após 2 anos e 15 dias a uma reunião política em Goiás, em evento em prol da campanha do candidato do partido a prefeito de Goiânia, Talles Bareto. Contratado da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Marconi não poderia participar de encontros políticos, mas disse ao POPULAR que informou à diretoria que este seria o único.

A derrocada do PSDB em Goiás tem nome e sobrenome: Marconi Perillo. Com a derrota do ex-governador na disputa por uma cadeira no Senado e do governo José Eliton não emplacar a reeleição, a força do partido foi minada. Além disso, as denúncias contra os governos tucanos se avolumaram e levaram Marconi a ser preso e a responder hoje dezenas de processos.

No ostracismo desde que perdeu a eleição em 2018 e se afugentou em São Paulo, o ex-governador assiste em silêncio a derrocada de seu grupo, que já havia perdido 30% dos prefeitos e deve quase desaparecer no pleito deste ano. Dos cerca de 50 municípios que restaram, após mais de 20 defecções, analistas apontam que a legenda hoje disputa 20% do que era em 2016. Talles Barreto patina na capital em 13° entre 14 candidatos com 0,2% das intenções de votos, segundo a última pesquisa Grupom. 

Apesar de falar em volta com “alegria”, o evento foi blindado ao máximo e evitado transmissão online. Marconi refutou as afirmações de que teria abandonado o Estado ao se mudar para São Paulo e disse que não teria oportunidades de emprego em Goiás, que hoje é governado por seu adversário Ronaldo Caiado (DEM). 

O ex-governador fez uma espécie de prestação de contas ao longo de sua fala, citando os feitos de suas gestões à frente do Estado, mas não fez menção às inúmeras denúncias contra si, a exemplo de Operação  Cash Delivery, do MPF, que levou o tucano à prisão em outubro de 2018.  A investigação é um desdobramento da operação Lava Jato. 

O processo já retornou da Justiça Eleitoral para o Ministério Público Federal em Goiás no último mês de agosto e está sendo digitalizado, conferido e incluído no sistema de Processo Eletrônico (PJe) para então ser apreciado pela Justiça Federal. A denúncia havia sido enviada à justiça eleitoral por força de entendimento do Supremo Tribunal Federal, que decidiu que supostos crimes de caixa 2 deveriam ser processados pelo juízo eleitoral.

Segundo o MPF, quando ainda era senador e, depois, também como governador, Marconi Perillo solicitou e recebeu propina em troca de favorecer interesses da empreiteira Odebrecht relacionados a contratos e obras no Estado de Goiás.

Além de Perillo, também foram denunciados Jayme Rincón, ex-presidente da Agetop e ex-tesoureiro das campanhas do tucano, Márcio Garcia Moura, Paulo Rogério de Oliveira e Carlos Alberto Pacheco Júnior, os dois últimos apenas por lavagem de dinheiro e organização criminosa.

De acordo com a denúncia, os quatro atuaram como prepostos de Marconi Perillo e tinham a função de operacionalizar o recebimento da propina. Rincón atuava como agente intermediador dos pagamentos, cabendo a ele tratar diretamente do valor requisitado por Perillo junto a executivos da Odebrecht. Os demais tinham a função de buscar o dinheiro da propina.

Para o MPF, no total, Perillo teria recebido da Odebrecht, em 2014, R$ 17, 8 milhões atualizados até a data de 6 de junho deste ano. As provas colhidas durante as investigações demonstraram que o recebimento de vantagem indevida por Marconi deu-se em razão de sua função pública de governador de Goiás, o que caracteriza o crime de corrupção passiva.


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