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O discurso moralista é a fórmula mais fácil para para aglutinar o desalento da população com a vida política

Excesso de moralismo no discurso é erro que pode custar caro

22/03/2019, às 00:00 · Por Eduardo Horacio

O discurso moralista, sempre historicamente forte no discurso udenista, é provavelmente o principal mote da carreira política do hoje governador Ronaldo Caiado (DEM), assim como foi do ex-senador Demóstenes Torres (PTB). É, portanto, praticamente impossível abandoná-lo de um dia para o outro, menos ainda em 2019, quando o discurso é fórmula garantida para aglutinar o desalento da população com a vida política. 

Nada, no entanto, costuma ser mais fatal para quem é governo do que esse discurso. Se Caiado resolve distribuir cargos em troca de apoio, o moralismo faz isso virar manchete. Em outros governos, como o de Marconi Perillo (PSDB), mal era notícia. Uma acusação de corrupção que não diz respeito nem a Caiado nem a seu governo, mas envolve um auxiliar, vira notícia - novamente, apenas para um governador que adota tom moralista. O auxílio-mudança do Senado, absolutamente legal mas considerado mordomia pela maioria do eleitorado, virou notícia no caso de Caiado exatamente porque ele prega moralidade de ponta a ponta, inclusive nos mínimos detalhes.  

O "baile funk" (ou simulacro dele) ocorrido no Palácio das Esmeraldas, idem. Não há ilegalidade alguma ali. Mas exatamente porque prega moralidade em tudo, não pega bem o uso de um espaço público para uma festa privada, ainda que tudo tenha sido pago do bolso do governador. É isso que Caiado, e vários integrantes do seu governo, ainda não entenderam. 

O discurso moralista, no entanto, é tentador. No caso de Caiado, fez sucesso durante toda sua vida de parlamentar. É uma ferramenta fácil, que arrebata o eleitor em um segundo, e ainda tem o bônus de massagear o ego de quem protagoniza o discurso. Há inúmeros casos na política goiana que mostram o quanto o discurso permanente de pega-ladrão é meteórico, para cima e para baixo. A psicanálise explica com propriedade quando aponta que o discurso moralista em excesso serve muitas vezes para encobrir desejos reprimidos. Cedo ou tarde, Caiado terá que fazer uma escolha - e se trata de uma escolha apenas de discurso, o que aqueles que não enxergam zonas cinzentas têm dificuldade de enteder. 




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