Caiado precisa submergir e trocar populismo por gestão

19/03/2019, às 00:00 · Por Diene Batista

A cena do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), assistindo a um leilão de carros usados ao lado da mulher e de uma das filhas é absolutamente constrangedora. O que dizer então da imagem, espalhada pela assessoria do próprio governador, de Caiado andando na lama próximo a uma ponte caída no interior do Estado? No mínimo, lamentável.

Por mais ridículas que possam parecer, essas não são passagens isoladas nos primeiros três meses de governo do democrata em Goiás. Caiado também apareceu ao lado da PM na prisão de uma quadrilha de roubo a bancos, foi até a Assembleia bater boca pessoalmente com deputados e sorriu ironicamente (fazendo um coração com as mãos) para servidores que protestavam contra o atraso no pagamento dos salários em outra ocasião. Uma sucessão de cenas que pouco acrescentam.

Nesses primeiros meses de governo a impressão que colou é que Ronaldo Caiado busca holofotes a qualquer custo. Até mesmo varrendo rua na Praça Cívica, junto com os garis. Não importa se o atual governo tem algo a mostrar para a população, importa apenas que Caiado precisa ter agenda pública e abastecer suas redes sociais.

Até aqui, Caiado não organizou seu governo. Não decidiu que rumo vai dar ao seu mandato. Não sabe se quer ser lembrado por grandes obras, por fortalecer uma rede de proteção social ou outro mote relevante.

Quando tomar a decisão sobre qual legado irá deixar de sua passagem pelo Palácio das Esmeraldas (e cedo ou tarde chegará a essa conclusão), então Caiado terá de escalar uma equipe adequada ao governo que pretende entregar à população. Hoje não tem uma equipe, tem algo próximo de um agrupamento – um misto de pessoas de diferentes lugares e diferentes ideias sem sintonia entre si.

Enfim, Ronaldo Caiado precisa mergulhar, abandonar imediatamente os holofotes. Por um fim a agendas vazias, que não estão à altura do chefe do Poder estadual. Quando organizar seu governo, fazê-lo deslanchar, é possível (até provável) que o governador ainda tenha bastante tempo para, aí sim, aparecer. E aí de forma justificada.

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