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Goiânia, 13/12/25
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O fuso horário foi cuidadosamente maldoso pra destruir a maior tradição não escrita do país que é o feriado emocional em dia de jogo do Brasil na Copa

Coluna do Pablo Kossa: A maior tragédia futebolística desde o Maracanazo

12/12/2025, às 15:31 · Por Pablo Kossa

O brasileiro é tido como um povo pacífico. Mito dos grandes, é claro. Somos bem esquentadinhos da cabeça, na verdade. Talvez não tão sanguíneos quanto os argentinos e nem tão incendiários quanto os franceses, mas inegavelmente adeptos da treta. Algumas coisas que nos tiram do sério: aumento do preço da cerveja antes de feriado emendado, preço da gasolina reajustado na véspera das férias, gol mal anulado contra nosso time. Agora, tem coisas que beiram a raia do absurdo e Copa do Mundo sem folga no trabalho para assistir o jogo é uma delas.


Pois se prepare: o torneio de 2026 esfrega em nossa fuça que nem sempre a vida é justa.


Quando olhei a tabela que a Fifa divulgou com os horários dos jogos do Brasil, senti como se tivesse levado um carrinho por trás. Nada de jogo vespertino, nada de expediente reduzido, nada de bar lotado às três da tarde. Em vez disso, duas partidas às 19h e uma às 22h. É a Copa mais anti-CLT da história.


A estreia será no dia 13 de junho, sabadão, contra Marrocos, no MetLife Stadium em Nova Jersey, às 19h. O sonho do hexa começa em dia de folga... Na segunda rodada, a Seleção enfrenta o Haiti no dia 19 de junho, sexta, às 22h, no Lincoln Financial Field na Filadélfia. Um jogo tão tarde que, se tiver desanimado, há o risco do cara dormir no sofá e só acordar com o Serginho Groisman no Altas Horas.


O encerramento da primeira fase será no dia 24 de junho, quarta, contra a Escócia, no Hard Rock Stadium em Miami, novamente às 19h.  Ou seja, sem desculpas para malandrear um dia de trabalho com aquela cervejinha.


O fuso horário foi cuidadosamente maldoso pra destruir a maior tradição não escrita do país que é o feriado emocional em dia de jogo do Brasil na Copa. Não teremos chefe liberando todo mundo pra ver a amarelinha em campo. Não teremos o ritual sagrado do boteco às duas da tarde. Essa Copa nos quer produtivos. Tragédia nacional.


O Mundial sempre foi o momento em que o país exerce seu direito de trabalhar meio período, engabelar um tanto e curtir um feriado que não é feriado. Agora, virou um evento noturno sem a emoção típica que só rola de quatro em quatro anos.


Se o hexa vier, ótimo. Mas será conquistado depois do expediente, com gosto de rotina, suor e crachá. Que Deus tenha piedade do trabalhador brasileiro. Porque a Fifa e o fuso não tiveram.


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