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Goiânia, 04/12/25
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Defesa sustentou legítima defesa e tese foi acatada pelos jurados; pai das vítimas critica decisão e fala em buscar reviravolta

Policiais são absolvidos no júri por mortes de irmãos em Trindade

04/12/2025, às 11:08 · Por Redação

Os três policiais militares denunciados pela morte dos irmãos Kalebe e Victor Araújo, mortos dentro de casa no Setor Maysa II, em Trindade, foram absolvidos na última terça-feira (2) pelo Tribunal de Júri. Os jurados acolheram a tese de legítima defesa apresentada pelos réus, que afirmaram ter reagido a tiros supostamente disparados pelos jovens durante abordagem em janeiro de 2020. Um quarto policial, que permaneceu ao lado da viatura no momento da ação, não foi incluído no julgamento.

Kalebe, de 18 anos, e Victor, de 21, estavam na residência quando foram baleados por equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). À época, o caso gerou grande repercussão, principalmente após o pai, Eligar Silva Araújo, relatar que os filhos teriam sido executados nos fundos do imóvel e que Victor, apesar de usar tornozeleira eletrônica, permanecia em casa devido à saúde mental fragilizada após período na prisão.

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) sustentava homicídio qualificado, apontando indícios de irregularidades na ação. A denúncia destacou a ausência de impressões digitais nas armas apresentadas como pertencentes às vítimas, a demora de quase uma hora para acionamento de atendimento médico e relatos de intimidação a socorristas. Testemunhas afirmaram ter ouvido uma sequência adicional de disparos após a primeira troca de tiros. Para o júri, porém, a versão da defesa — de que os irmãos atiraram primeiro e fugiram para os fundos do imóvel — prevaleceu.

Absolvidos
Respondiam pelo caso o segundo sargento Ricardo da Costa Faria Júnior e os terceiros sargentos Leonardo de Oliveira Cerqueira e Carlos Pinheiro Lopes. Segundo a investigação, Victor foi morto por três disparos feitos por Leonardo e Kalebe por dois disparos de Carlos. O processo avançou lentamente ao longo de quase seis anos, com 26 testemunhas ouvidas entre 2022 e 2024, e interrogatório dos réus somente em abril do ano passado.

O julgamento foi acompanhado por grande presença de policiais no fórum. Eligar, pai das vítimas, disse ao jornal O Popular que se sentiu intimidado. “Quando cheguei lá, parecia um batalhão”, afirmou. Ele classificou o resultado como uma “tragédia” e declarou que buscará reverter a decisão por meio de recurso: “Esse foi o primeiro tempo. Não vou perder a esperança”.

A defesa dos policiais não foi localizada. A reportagem também não obteve retorno do representante do MP-GO presente no julgamento, nem confirmação sobre eventual recurso contra a decisão. Nenhum integrante do Gaesp, grupo responsável pelo controle externo da atividade policial, esteve na sessão. 


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