Matérias
Divulgação
22% das exportações brasileiras ainda seguem taxadas
EUA retiram tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e Goiás pressiona por redução de sobretaxas ao açúcar orgânico
25/11/2025, às 12:32 · Por Redação
A retirada, pelo governo dos Estados Unidos, da tarifa de 50% aplicada a mais de 200 produtos brasileiros — como carne bovina e café — trouxe alívio a setores exportadores e foi celebrada por frigoríficos goianos. Apesar disso, dados da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) mostram que o tarifaço teve impacto limitado sobre as exportações do setor, inclusive as de Goiás.
De janeiro a outubro deste ano, o faturamento das exportações de carne bovina cresceu 24% em Goiás e 36% no Brasil, na comparação com 2024. Mesmo com a sobretaxa em vigor por mais de três meses, as vendas aos Estados Unidos subiram 40%.
Ainda assim, o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que 22% das exportações brasileiras aos EUA permanecem sob tarifação. Em Goiás, as atenções agora se voltam para a derrubada das tarifas sobre açúcar orgânico e vermiculita, dois produtos em que o mercado americano é estratégico.
Frigoríficos comemoram exclusão da carne
O presidente do Sindicarne-GO, Leandro Stival, diz que o fim da tarifa deve fortalecer o fluxo de exportações aos EUA, segundo maior comprador da carne brasileira. Ele explica que os abates, que vinham crescendo, recuaram com o tarifaço: passaram de 324 mil cabeças em julho para 308 mil em agosto e setembro.
Com a destinação maior da carne goiana para outros mercados — como China, México e Chile — o setor recuperou desempenho em outubro. A previsão é de que o percentual de exportações sobre a produção ultrapasse 30%, ante média de 23%.
Stival também destaca que Goiás se consolidou como o segundo maior estado em abates, atrás apenas do Mato Grosso.
A queda nas vendas para os EUA nos primeiros 30 dias — estimada entre 15% e 20% — foi compensada pela demanda de países asiáticos. Segundo o setor, a alta nos preços da carne nos EUA e tensões comerciais internas contribuíram para a pressão sobre o governo americano pela retirada da tarifa.
Fieg: Goiás agora foca em açúcar orgânico e vermiculita
Para a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), a revogação da tarifa sobre a carne e outros itens foi um gesto importante de Washington e abre espaço para novas negociações. O presidente da entidade, André Rocha, destaca que 78% dos produtos brasileiros exportados aos EUA já tiveram as tarifas solucionadas.
Goiás, no entanto, segue prejudicado nas exportações de açúcar orgânico — do qual é o maior produtor nacional — e de vermiculita, minério usado na construção civil e na horticultura.
Empresas como Jalles Machado e Goiasa dependem fortemente do mercado americano: cerca de 70% e 90%, respectivamente, de suas exportações vão para os EUA. A tarifa de 50% praticamente inviabilizou essas vendas.
Vermiculita: impacto direto e pesado
A Brasil Minérios, sediada em São Luís de Montes Belos, produz 60 mil toneladas anuais de vermiculita. Segundo o presidente da empresa, Wilton Machado, 40% da produção era destinada ao mercado americano, que interrompeu totalmente as compras após o tarifaço. O impacto: perda de 40% da receita.
A vermiculita é o principal isolante térmico natural e essencial no revestimento de estruturas metálicas na construção civil — exigência do código de segurança dos EUA.
Machado afirma que o produto tem poucos concorrentes globais, mas o custo do frete dificulta buscar novos mercados. Ele já apresentou a situação ao ministro Alckmin para reforçar a necessidade de incluir o minério nas negociações bilaterais.
Tarifaço Estados Unidos Agricultura



