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Goiânia, 28/11/25
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Investigações apontam uso de familiares, empresas de fachada e compra de gado para lavar R$ 28 milhões

Casal goiano que operava finanças do Comando Vermelho segue foragido

20/11/2025, às 09:43 · Por Redação

O Ministério Público de Goiás (MPGO) identificou Jeiziel de Oliveira Rosa e Ana Paula da Silva Barreto como responsáveis pelo núcleo financeiro do Comando Vermelho (CV) no Estado. O casal segue foragido desde a deflagração da Operação Cifra Vermelha, na terça-feira (18/11), e é apontado como operador de um esquema que movimentou cerca de R$ 28 milhões em menos de dois anos.

Segundo o MP, a dupla estruturou uma rede que utilizava contas bancárias de familiares, inclusive da mãe idosa de Ana Paula e dos próprios filhos adolescentes, além de empresas de fachada e compra de gado para dissimular valores do tráfico de drogas.

Reportagem da TV Anhanguera mostrou que Jeiziel tem antecedentes por tráfico e porte ilegal de arma. Em 2020, foi denunciado após abordagem da Polícia Militar em Aparecida de Goiânia, que encontrou munições de uso restrito e porções de cocaína no carro dele. Na residência, foram apreendidas armas, ecstasy e maconha.

Ana Paula tem registros por receptação, tráfico e condução de embarcação ou aeronave sob efeito de drogas. Em 2022, foi presa por receptação e solta após pagar fiança de R$ 1.220.

Para o Ministério Público, Jeiziel atua há quase uma década em atividades relacionadas à facção. “Não existe um processo que o enquadre formalmente como integrante de organização criminosa, mas isso é algo que a investigação trará”, informou o órgão. Há indícios de que o casal tenha deixado Goiás.

Operação Cifra Vermelha
O Gaeco cumpriu 13 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva e temporária, com apoio do Comando de Operações de Divisas (COD). Um contador, apontado como criador das empresas fictícias usadas pelo grupo, foi preso. Jeiziel e Ana Paula não foram localizados. Foram apreendidos dinheiro, veículos, armas, munições e eletrônicos. Todo o material será analisado para rastrear outros possíveis núcleos financeiros do CV no Estado.

As apurações avançaram após a quebra de sigilos telemáticos, que permitiu rastrear comunicações e transações. Segundo o MP, o casal operava o recebimento e a lavagem dos valores enviados por traficantes. Os depósitos eram fracionados e realizados principalmente em lotéricas, estratégia usada para dificultar o rastreamento bancário. Além das contas abertas em nome dos filhos de 12 e 14 anos, os investigadores identificaram o uso da conta da mãe de Ana Paula, aposentada com salário de R$ 2,4 mil. “Em três transações foram contabilizados mais de R$ 1,6 milhão”, afirmou o tenente-coronel da PMGO Daniel Machado.

Movimentações
Para dar aparência lícita aos valores, o casal investia em compra e venda de gado. Uma das empresas utilizadas movimentou R$ 28 milhões em dois meses. Segundo o MP, o esquema atendia centenas de traficantes da facção no Estado. Para os promotores, o principal efeito da operação foi a apreensão de R$ 28.108.510,70, além de veículos e armas. “Esse dinheiro deixa de financiar pilares da organização, como aquisição de armas e drogas”, avaliaram.


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