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Delegado aponta falta de atenção em manobra que fechou motocicleta; caso ocorreu no primeiro mês após liberação da faixa preferencial para motos
Corredor da 85: motorista é indiciada por morte de professor em Goiânia
20/11/2025, às 08:17 · Por Redação
A Delegacia Especializada em Investigação de Crimes de Trânsito (Dict) indiciou a farmacêutica Vivian Bolgenhagen, de 43 anos, pela morte do professor Antônio Carlos de Souza, de 53 anos, em acidente ocorrido no corredor preferencial da Avenida 85, no Setor Bueno, em Goiânia. O caso, registrado em 5 de fevereiro, foi o primeiro com vítima fatal após a Prefeitura liberar a circulação de motocicletas na faixa exclusiva de ônibus.
Vivian responderá por homicídio culposo na direção de veículo automotor, previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB). De acordo com o delegado Hellyton Carlos Miranda de Carvalho, a condutora fechou a motocicleta ao fazer uma conversão à direita para acessar um estacionamento, sem a “atenção e cuidado indispensáveis à segurança no trânsito”.
No inquérito em que o jornal O Popular teve acesso, o delegado afirma que, mesmo diante de alegações de velocidade elevada por parte do motociclista, não há prova técnica que confirme essa hipótese. O ponto determinante, segundo ele, foi a forma como a motorista entrou na faixa da direita e obstruiu o trajeto da moto: “O acidente ocorreu pela manobra realizada pela investigada. Nada a impedia de ter visto a aproximação da motocicleta”, escreveu o delegado.
O professor morreu no local após ser atingido na lateral da caminhonete e lançado contra uma árvore. O relatório reconhece que o impacto secundário pode ter contribuído para a fatalidade, mas ressalta que o choque resultou da colisão anterior provocada pela Hilux.
Defesa
A defesa de Vivian tentou incluir no inquérito registros de multas de trânsito do professor — 42 infrações por excesso de velocidade entre 2017 e 2025 — e fotos da árvore atingida. A Dict considerou que nenhuma dessas informações altera a dinâmica central do acidente, já que não há comprovação de alta velocidade no momento da colisão.
Vivian disse em depoimento que estava parada no semáforo, acionou a seta e seguiu com o carro ao ver o sinal verde. Ela afirmou acreditar que a faixa da direita ainda era exclusiva para ônibus e declarou não ter visto a motocicleta ao iniciar a manobra. Uma testemunha que seguia atrás da caminhonete declarou que a moto “surgiu em alta velocidade”, mas o delegado concluiu que o trecho era reto e permitia visão ampla do tráfego.
Primeira morte
A morte do professor ocorreu dias depois de o prefeito Sandro Mabel (UB) liberar os corredores preferenciais de ônibus para motociclistas — promessa de campanha implementada no início da gestão. O caso gerou críticas à medida, mas não houve novas ocorrências fatais do tipo desde então. Professor da rede estadual desde 1993, Antônio Carlos lecionava matemática no Colégio Estadual Murilo Braga, na Vila Nova. Pai de três filhos, era descrito por colegas como discreto e dedicado ao trabalho. Na época do acidente, Vivian estava grávida de 33 semanas. Ela permaneceu no local, chamou socorro e testou negativo no bafômetro.
MP
O inquérito foi encaminhado ao Ministério Público de Goiás (MPGO), que deve decidir se oferece denúncia ou propõe acordo de não persecução penal (ANPP), encaminhamento comum para casos enquadrados no artigo 302 do CTB. O laudo da perícia criminal, ainda pendente, deve ser anexado ao processo, mas não altera a conclusão pelo indiciamento.
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