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MP e Polícia Civil miram lideranças, esquema milionário de lavagem e abastecimento de drogas em várias cidades do Estado
Operações em Goiás atingem núcleo financeiro e logística do Comando Vermelho
19/11/2025, às 09:47 · Por Redação
Duas operações deflagradas nesta semana atingiram frentes distintas do Comando Vermelho (CV) em Goiás. Em ação do Ministério Público do Estado (MP-GO), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), promotores desarticularam um núcleo financeiro responsável por lavar milhões de reais oriundos do tráfico. No mesmo dia, a Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) prendeu integrantes ligados ao abastecimento de pontos de drogas em Goiânia e em outras cidades.
A Operação Cifra Vermelha, do Gaeco, teve como alvos o casal Jeiziel de Oliveira Rosa e Ana Paula da Silva Barreto, apontados como articuladores de um esquema que movimentou quase R$ 30 milhões. Ambos estão foragidos. Segundo o MP, eles criaram empresas de fachada e usaram contas bancárias de parentes — inclusive dos filhos adolescentes, de 12 e 14 anos — para pulverizar recursos do tráfico. Os valores eram distribuídos em depósitos feitos em lotéricas para dificultar o rastreio.
A operação cumpriu 13 mandados de busca e apreensão e 7 mandados de prisão, seis deles efetivados, além do sequestro de R$ 28,1 milhões e da apreensão de veículos e armas. Uma empresa criada no Maranhão, supostamente para atuar na compra e venda de gado, movimentou sozinha R$ 28,7 milhões em dois meses. O controle do esquema era feito em grupos de WhatsApp, como o intitulado “Dívida Atual”, onde traficantes associados à facção eram cobrados e ameaçados. Entre agosto e outubro de 2024, um único grupo monitorado registrou 43 depósitos, que somaram R$ 122 mil.
O promotor Marcelo Borges Amaral afirmou que o objetivo foi atingir o coração financeiro da facção. “Prender criminosos é importante, mas eles são substituíveis. Sem a asfixia financeira, as prisões não têm o mesmo impacto”, disse ao jornal O Popular. Segundo o Gaeco, a investigação continua e pode resultar em novas fases.
Prisões
Paralelamente, a Denarc prendeu dez suspeitos ligados ao fornecimento de drogas para pontos de venda da capital e para cidades do interior. Seis presos estavam em Goiânia, um em Barro Alto e três em São Pedro da Aldeia e Cabo Frio, no Rio de Janeiro.
Segundo o delegado Francisco Costa, os três detidos no litoral fluminense tinham função de comando. “Eram responsáveis pela logística e pela manutenção da rede de distribuição”, disse. Goianos mortos na recente operação no Complexo do Alemão também eram monitorados pela delegacia. A polícia identificou rotas terrestres de envio de armas e drogas. Em Goiás, o material era distribuído pela célula local da organização.
Ações integradas
A promotora Marizza Fabianni Maggioli Batista Leite explicou que as duas operações não são vinculadas entre si, mas compartilham informações e objetivos comuns. “A união de forças permite resultados mais amplos”.
O promotor Maurício Amaral destacou que a asfixia financeira é hoje o principal instrumento para enfraquecer facções, mas lembrou que cada realidade exige uma estratégia. “No Rio, há áreas com perda de soberania estatal. É outro tipo de ambiente”.
O comandante do COD, tenente-coronel Hugo Bravo, citou que 11 goianos morreram em confrontos no Rio, dez deles foragidos da Justiça. Ele afirmou que operações no Estado têm perfil jurídico-operacional, enquanto ações em áreas dominadas por facções no Rio assumem caráter de retomada territorial.
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