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Ferrovia ganha novo rumo e conecta o Centro-Oeste ao litoral baiano, com investimento de R$ 12 bilhões
Governo Federal vai criar novo trecho de ferrovia ligando Bahia e Goiás
13/11/2025, às 16:47 · Por Redação
O Governo Federal deve oficializar nos próximos dias a inclusão do novo trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol 3) no Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) e no Programa Nacional de Desestatização (PND). A medida confirma a alteração do traçado original da ferrovia e garante prioridade ao projeto em ações de licenciamento e financiamento público.
Com a mudança, o trecho antes previsto entre Barreiras (BA) e Figueirópolis (TO) passará a ligar Correntina (BA) a Mara Rosa (GO), em um eixo de aproximadamente 840 quilômetros. A nova rota permitirá a integração direta com a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), em Mato Grosso, reduzindo custos logísticos e o tempo de transporte.
De acordo com o Ministério dos Transportes, a alteração foi definida a partir de estudos realizados pela Infra SA, em parceria com a International Finance Corporation (IFC). A escolha do novo traçado evita o uso de um longo trecho da Ferrovia Norte-Sul, que implicaria custos adicionais de direito de passagem cobrados pelas concessionárias que já operam o ramal.
Os estudos indicam que o trajeto via Correntina é o mais vantajoso tanto do ponto de vista operacional quanto socioambiental. A nova rota deve gerar economia estimada de R$ 1 bilhão durante o período de concessão, além de apresentar menor interferência em áreas indígenas, quilombolas e de proteção ambiental.
Segundo parecer técnico da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), o investimento total previsto para o novo trecho é de R$ 12 bilhões, incluindo obras civis, sistemas de sinalização e aquisição de equipamentos. A expectativa do Ministério dos Transportes é encaminhar o edital ao Tribunal de Contas da União (TCU) no início de 2026, com a realização do leilão no primeiro semestre do mesmo ano.
Quando concluída, a Fiol 3 somará cerca de 2,4 mil quilômetros à malha ferroviária nacional, conectando-se à Fico e ao Porto Sul, em Ilhéus (BA). O corredor é considerado estratégico para o escoamento de grãos, combustíveis e minérios, especialmente do Centro-Oeste e do oeste baiano.
O projeto, contudo, tem sido alvo de disputa entre as gigantes do setor logístico VLI — controlada pela Vale e pela canadense Brookfield — e a Rumo, do grupo Cosan. Em documento enviado ao governo em julho, a VLI criticou a minuta do edital da ferrovia, afirmando que ele cria “vantagem artificial” para a Rumo e pode desestimular a concorrência.
Segundo a VLI, a rival já controla as principais rotas que ligam Goiás e Mato Grosso ao Porto de Santos, por meio das Malhas Central e Paulista. Mesmo sem vencer a licitação, a empresa manteria domínio sobre o escoamento ferroviário da região.
Em nota, a VLI afirmou que “acompanha com atenção as políticas públicas e contribui de forma construtiva com o poder público para o aperfeiçoamento do sistema logístico brasileiro”. Já a Rumo disse que participou “das audiências e consultas públicas do processo licitatório, apresentando contribuições técnicas com base em dados objetivos e visando à melhoria do projeto”.
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