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Goiânia, 28/11/25
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Mensagens e áudios anexados ao processo mostram que o ex-vereador teria tentado interferir nos depoimentos

MP acusa ex-vereador de Caldas Novas de chefiar esquema de rachadinha e coagir testemunhas

13/11/2025, às 15:56 · Por Redação

O ex-vereador de Caldas Novas (GO) Rafael Pereira de Moraes Silva é acusado pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) de chefiar um esquema de rachadinha e tentar coagir testemunhas durante as investigações. Segundo a Promotoria, entre 2016 e 2020, período em que exerceu o mandato na Câmara Municipal, o ex-parlamentar teria recebido pelo menos R$ 180 mil desviados de salários de servidores comissionados.

De acordo com a denúncia, Moraes exigia que parte dos vencimentos fosse repassada mensalmente a ele, sob ameaça de exoneração.

“Ele exigia uma quantia mensal dos servidores, sob pena de perda do cargo”, afirma o MP na denúncia.

Mensagens e áudios anexados ao processo mostram que o ex-vereador teria tentado interferir nos depoimentos. Em uma das conversas, dias antes de uma ex-servidora ser ouvida, ele escreveu:

“Não quero falar com você porque senão eles vão pensar que estou direcionando suas respostas. Apaga nossa conversa. Segunda, arrumarei um jeito de falar com você.”

Segundo o MP, o encontro entre os dois ocorreu dois dias depois, o que reforça a suspeita de tentativa de coação de testemunha.

Depoimentos e repasses
Ex-assessores relataram à Promotoria que eram obrigados a devolver parte dos salários em espécie. Um dos depoentes afirmou que, ao ser nomeado para o programa municipal Super Jovem, recebia entre R$ 2,6 mil e R$ 2,7 mil, mas ficava apenas com R$ 1 mil. O restante era sacado e entregue pessoalmente ao vereador.

Um extrato bancário de julho de 2016, anexado ao processo, mostra o saque de R$ 1.599 três dias após o pagamento. O MP identificou que esse padrão se repetia mensalmente. Mesmo depois de Moraes deixar a prefeitura e ser lotado em seu gabinete na Câmara, o esquema teria continuado.

A Promotoria pede que o ex-vereador seja condenado a devolver R$ 180 mil aos cofres públicos, pagar multa de até três vezes o valor desviado, ter os direitos políticos suspensos e ficar proibido de contratar com o poder público por até dez anos. O processo está em fase de conclusão e aguarda julgamento.

Histórico político
Rafael Moraes se envolveu em diversas polêmicas durante o mandato. Em 2019, respondeu a um processo de cassação por quebra de decoro parlamentar após chamar colegas de “ladrões” em plenário. Na sessão, chegou a usar uma máscara do personagem Homem de Ferro em protesto. A cassação acabou rejeitada.

Após deixar o Legislativo, em 2021, Moraes foi nomeado secretário parlamentar no gabinete da deputada federal Magda Mofatto (PRD). Segundo dados da Câmara dos Deputados, o salário inicial era de cerca de R$ 6 mil, chegando hoje a mais de R$ 10 mil mensais. Ele também preside o diretório municipal do PL em Caldas Novas.

Outro lado
A defesa do ex-vereador afirma que a ação do MP “reflete uma retaliação política baseada em declarações contraditórias e sem respaldo jurídico”. Segundo os advogados, Moraes colaborou com as investigações e autorizou a quebra de seus sigilos bancário e telefônico, “sem que fosse encontrada qualquer irregularidade”.

“Não há movimentação financeira, documento ou prova que sustente as acusações. Rafael nega integralmente todas as alegações”, diz a nota.

Procurada, a deputada Magda Mofatto declarou que “não tem qualquer relação com o caso” e que todas as nomeações em seu gabinete seguem critérios legais e a exigência de certidões cíveis e criminais.

“No momento da contratação, o ex-vereador apresentou toda a documentação exigida”, afirmou. 

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