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Goiânia, 07/11/25
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Monitoramento geotécnico feito a pedido da Comurg mostra fator de segurança acima do mínimo exigido e recomenda novas medições bimestrais

Estudo aponta que estrutura do Aterro Sanitário de Goiânia está estável e dentro das normas técnicas da ABNT

06/11/2025, às 10:33 · Por Redação

Um relatório técnico sobre o monitoramento geotécnico do Aterro Sanitário de Goiânia, elaborado pela empresa Raiz Inteligência Ambiental e Georreferenciamento, concluiu que a estrutura do maciço de resíduos sólidos apresenta condições satisfatórias de estabilidade.

O estudo foi contratado pela Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) e comparou dados de duas campanhas topográficas realizadas entre setembro e novembro deste ano.

De acordo com o documento, o fator de segurança (FS) — parâmetro que define a estabilidade segundo a norma 11682 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) — ficou acima do mínimo global exigido de 1,5 em todas as quatro seções analisadas (A, B, C e D). Isso indica que, nas atuais condições de geometria e compactação, o maciço está estável.

O relatório recomenda que o monitoramento geotécnico seja repetido a cada dois meses, para acompanhamento da estrutura, e que sejam mantidas medidas de drenagem e correção dos taludes conforme o projeto executivo.

Como foi feito o estudo

O monitoramento utilizou 50 marcos superficiais de concreto e metal para medições topográficas. As leituras, feitas com intervalo inferior a 30 dias, coincidiram com um período de aporte massivo de resíduos — cerca de 347,9 mil metros cúbicos adicionados ao aterro.

Os deslocamentos verticais e horizontais registrados (8,6 cm e 16,8 cm, respectivamente) foram considerados normais e compatíveis com o comportamento esperado de um aterro em expansão. Segundo o relatório, não houve indicação de “superfícies de ruptura” nem de aceleração de fluxos que sugerissem risco de desmoronamento.

Declaração da Comurg

A engenheira e gerente operacional do aterro, Gabriela Maria Barbosa, explica que o levantamento confirma a estabilidade já verificada em estudos anteriores.

“Esse relatório compara os dados com o marco zero, de quando começamos a atuar aqui. Ele demonstra tecnicamente a estabilidade da operação e mostra que o nosso fator de segurança subiu”, afirmou.

De acordo com Gabriela, a melhora na estabilidade decorre da adoção do projeto executivo do aterro, da correta drenagem e da compactação adequada dos resíduos. “O aterro é como um organismo vivo, que se acomoda naturalmente. Regularizamos a geometria e seguimos o que o projeto prevê”, disse.

Custo e recomendações

O estudo custou R$ 65,2 mil, valor pago pela Comurg à empresa Engenharia Service Projeto & Consultoria, responsável pelo contrato. Inicialmente, o valor seria de R$ 94 mil, mas a instalação de piezômetros — instrumentos para medir a pressão da água subterrânea — não foi executada.

Entre as recomendações, estão: manter o sistema de drenagem superficial, evitando infiltração de água no maciço; garantir que os taludes obedeçam à inclinação do projeto, evitando muros íngremes; proteger e sinalizar os marcos superficiais usados nas medições.

Contexto

O novo relatório surge após a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) ter apontado, em julho, “12 problemas gravíssimos” no aterro, incluindo questionamentos sobre a estabilidade geotécnica.

Na ocasião, o órgão aplicou multas diárias de R$ 5 mil à Prefeitura e cobrou um laudo conclusivo de segurança — o que motivou a realização do monitoramento agora concluído.

A secretária da Semad, Andréa Vulcanis, afirmou recentemente que o aterro teria apenas dois anos de vida útil, o que foi refutado pela Comurg, que sustenta haver capacidade para até 20 anos, desde que as adequações técnicas recomendadas sejam mantidas.


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