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Goiânia, 05/11/25
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Orçamento previsto para 2026 será 53% menor que o de 2014, segundo o Observatório do Conhecimento. Estudo aponta risco de colapso na infraestrutura e dependência crescente de emendas parlamentares

Repasse às universidades federais cai pela metade em 12 anos, aponta levantamento

03/11/2025, às 12:10 · Por Redação


O financiamento público destinado às universidades federais e às agências de fomento à ciência e tecnologia deve sofrer nova redução em 2026. Segundo levantamento do Observatório do Conhecimento, o orçamento previsto pelo governo federal será 53% menor do que o de 2014, considerando valores corrigidos pela inflação.


O estudo mostra que o repasse total para o setor será de R$ 17,9 bilhões, ante R$ 32,5 bilhões há 12 anos. O orçamento específico das universidades federais — usado para manutenção, custeio e investimentos — cairá para R$ 7,85 bilhões, o que representa apenas 45% do valor aplicado em 2014, mesmo com o aumento no número de instituições, que passou de 59 para 69 no período.


O cenário é ainda mais crítico nos investimentos em infraestrutura. O valor previsto para 2026, de R$ 335,9 milhões, corresponde a apenas 5,67% do montante destinado em 2014, o que, segundo o relatório, torna inviável a modernização e ampliação das universidades.


O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026, enviado pelo Ministério do Planejamento e Orçamento, prevê uma recomposição mínima de 0,12% em relação a 2025, sem recuperar as perdas acumuladas na última década.


O relatório do Observatório alerta ainda para a dependência crescente das universidades em relação às emendas parlamentares, usadas para cobrir lacunas deixadas pelos cortes federais. Essa dinâmica, segundo o estudo, fragiliza a autonomia universitária e compromete a continuidade de projetos de pesquisa, ensino e extensão.


Para os pesquisadores, o cenário expõe uma contradição entre o discurso de valorização da ciência e da educação pública e a realidade orçamentária do setor. “O financiamento ao conhecimento no Brasil segue em situação crítica, reflexo de uma política de desmonte do serviço público e de desvalorização do trabalho docente”, conclui o documento.


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