Coluna do Pablo Kossa: Se tomar remédio, não beba

Existe um meme que diz que a primeira preocupação do brasileiro quando recebe uma receita do médico é perguntar se pode beber durante o tratamento. Vendo o noticiário recente, parece que a piadinha encontra respaldo na realidade.

 

Um humorista justificou uma performance teatral que deu errado a essa combinação. Uma influencer política de esquerda acabou no camburão por falas abjetas contra policiais, segundo ela, também por essa mistura.

 

O fato é que se beber álcool junto de remédios é arriscado pra saúde, pra reputação pode ser fatal.

 

Abundam alertas em bulas de medicamento sobre essa combinação. Mas as pessoas insistem em ignorar, acham que não vai dar em nada e vivem numa situação de roleta-russa contínua durante tratamentos médicos.

 

Se cabeça ébria sem nenhuma combinação já é fator de risco, é brincar demais com a sorte quando se está tomando algum tipo de remédio. Não é tão difícil assim ficar sem dar uns goles até o terminar o efeito do remédio, não é mesmo?

 

Mas tenho a impressão de que esses casos ficaram mais comuns por dois motivos. O primeiro é a popularização de tratamentos contínuos por questões psiquiátricas. As drogas que combatem esses males costumam ser de uso contínuo. Como esses medicamentos modulam o humor e comportamento estão sendo ingeridos diariamente, quando o indivíduo bebe umas doses de álcool, a combinação de risco se materializa.

 

Além disso, temos também a disseminação dos smartphones que, além da função original de telefone, são também câmeras fotográfica e filmadora. Ou seja, qualquer vacilo de hoje é registrado. Tempos atrás, se você desse um vexame na rua, dificilmente existiriam imagens. Agora, é mais certo do que tudo que alguém vai filmar ou fotografar. Aí, meu amigo, caiu na internet é pau.

 

Não estou aqui pra julgar comportamentos e atitudes alheias. O que for crime que seja julgado, o que for gafe que seja justificado. Mas não posso deixar de imaginar que os remedinhos junto da bebida podem estar sendo usados como álibis de vacilos que revelam mais caráter (ou a falta de) do que qualquer outra coisa.

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