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Goiânia, 06/11/25
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Não percebo em Eliton essa possibilidade de longo prazo. Posso estar errado, é claro. Vai que Eliton se consolida? Não me parece provável, mas vai saber

Coluna do Pablo Kossa: José Eliton é bom nome, mas aponta pro passado

24/10/2025, às 02:10 · Por Pablo Kossa

O ex-governador José Eliton (PSB) resolveu sair da toca e se mostrar disponível pra jogo. Está dando entrevistas, se reunindo com lideranças, articulando uma alternativa ao Governo de Goiás para o campo da centro-esquerda. Como existe uma carência de lideranças nesse espectro na disputa pelo Palácio das Esmeraldas, ele percebeu o vazio e entrou em campo.

 

Na perspectiva dele, está certo. Como não existe vácuo na política, Eliton ocupa o espaço. Já o PT e demais partidos que o circundam olham para o ex-governador e pensam “já que não tem tu, vai tu mesmo”.

 

Experiência Eliton tem. E também conhece de perto os figurões goianos. Entrou na política filiado ao DEM pelas mãos de Ronaldo Caiado, quando este o bancou para vice de Marconi Perillo na eleição de 2010. Caiado rompe com Marconi e Eliton permanece leal ao tucano, ocupa secretarias, leva um tiro em ato de campanha municipal de 2016 em Itumbiara e recebe o endosso marconista para disputar o Governo em 2018. Detalhe: justamente contra Caiado. Perde para seu padrinho.

 

Ali ele aponta sua bússola para a centro-esquerda: critica a candidatura presidencial de Jair Bolsonaro e declara voto em Fernando Haddad no segundo turno.

 

Depois, Eliton volta às atividades advocatícias. Quatro anos se passam e, em 2022, aparece novamente. Filia-se ao PSB, se mostrando disponível a ser governadoriável pelo campo progressista. Não rolou. Marconi esnobou a vontade do PT para uma aliança e o partido lançou Wolmir Amado. Deu errado pra ambos, mas pior pro tucano. O PT marcou posição, o peessedebista perdeu de forma vexatória pra Wilder Morais.

 

Os anos novamente andam e, mais uma vez, a esquerda goiana se coça pra encontrar um nome competitivo a governador. Marconi é cogitado, mas, de novo, não dá bola para o PT. Eliton levanta o dedo e diz que topa a empreitada.

 

Para ele, voltar ao palco principal da política goiana como candidato a governador é um grande lance. Terá exposição, dará entrevistas, participará de debates, popularizará seu nome. Ele faz o que é melhor pra ele, sem dúvidas. Já não tenho certeza se Eliton é o melhor para o campo progressista goiano.

 

Se inegavelmente tem algum recall e mostra uma competitividade que outros não têm, Eliton empolgaria a militância de esquerda? Só lembrando: ele já foi do DEM, PP e PSDB, siglas que hoje se orgulham do antipetismo. Na hipótese hoje mais provável de derrota, o que Eliton deixaria plantado para 2030? Não consigo enxergar nada.

 

Por isso que, na perspectiva progressista, apostar no novo mas já testado nas urnas seria mais proveitoso no longo prazo. Hoje, enxergo duas figuras com essas características: Aava Santiago e Fabrício Rosa. Jovens, poderiam se consolidar como alternativas futuras novamente ao Palácio das Esmeraldas, Senado ou como uma possibilidade de ampliação da bancada progressista goiana na Câmara dos Deputados em 2030. Não percebo em Eliton essa possibilidade de longo prazo. Posso estar errado, é claro. Vai que Eliton se consolida? Não me parece provável, mas vai saber.

 

Por fim, lembro a disputa de 2022. Wolmir Amado é inegavelmente competente, respeitado pelo preparo, cordial nos debates e marcou presença com discurso ponderado. Virtudes próximas das de Eliton.

 

Amado não fez feio, muito pelo contrário. Mas não trouxe um voto novo ao PT e não emocionou a base petista.

Pergunta: você acha que Eliton faria diferente de Amado?


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