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Documentos indicam que empresas ligadas a parentes do ex-governador de Goiás Marconi Perillo receberam parte de R$ 83,6 milhões em incentivos fiscais
Marconi Perillo é citado em investigação sobre uso irregular de recursos no Jockey Club de São Paulo
19/10/2025, às 16:09 · Por Redação
O nome do ex-governador de Goiás e presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo, aparece em uma investigação sobre o uso de recursos públicos destinados ao restauro do Jockey Club de São Paulo. O clube, que enfrenta dívidas milionárias e pedido de recuperação judicial, recebeu R$ 83,6 milhões em incentivos fiscais federais e municipais nos últimos sete anos, mas parte do dinheiro teria sido direcionada a empresas e pessoas ligadas ao tucano.
Conforme o portal UOL, os documentos de prestação de contas apresentados pelo Jockey à Prefeitura de São Paulo e ao Ministério da Cultura mostram despesas questionadas por auditores, como pagamentos a uma construtora de Goiânia sem sede física, jantares em restaurantes, hospedagens e compras em farmácias. As notas também indicam serviços contratados com empresas goianas de parentes e aliados de Perillo.
Uma das envolvidas é a produtora cultural Elysium, indicada por Perillo, segundo fontes ouvidas pela reportagem, para coordenar o projeto de restauro. A empresa tornou-se Organização Social de Cultura (OSC) em 2014, por decreto do então governador de Goiás. Desde então, ampliou suas atividades e passou a atuar como procuradora do Jockey, além de conseguir quatro projetos aprovados pela Lei Rouanet em 2025, todos ligados ao clube.
Entre os pagamentos sob suspeita estão o aluguel de um gerador contratado junto à Sapé, empresa de uma prima de Perillo, e serviços da Biapó Construtora, que tem entre seus sócios familiares do tucano. Há ainda a Vidal Construtora, registrada em endereços residenciais em São Paulo e Goiânia, que teria recebido R$ 11,2 milhões — valor sem comprovação de execução dos serviços.
O Ministério da Cultura e a Prefeitura de São Paulo investigam o caso. Segundo a Controladoria-Geral do Município, há indícios de que notas fiscais apresentadas para justificar o uso de recursos da Lei Rouanet foram repetidas na prestação de contas do incentivo municipal, o que é proibido.
Procurado, Marconi Perillo “negou veementemente” qualquer participação na escolha da Elysium ou de fornecedores. “Conheço Débora Perillo apenas de vista. Qualquer ligação com meu nome é uma leviandade absurda”, afirmou. O tucano, conselheiro do Jockey desde 2022, atua politicamente pela entidade na tentativa de renegociar dívidas de IPTU e ISS que somam mais de R$ 800 milhões.
A Elysium declarou que os gastos administrativos seguiram os limites legais e que as empresas contratadas foram escolhidas por critérios técnicos. O Jockey afirmou que seus processos de prestação de contas “estão regulares” e que há “interesses nada republicanos” na tentativa de desvalorizar o imóvel para justificar uma eventual desapropriação.
O Ministério da Cultura confirmou que apura possíveis irregularidades com a Prefeitura, mas informou que, até o momento, não foram encontradas “inconsistências financeiras graves” nos projetos concluídos.

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