Matérias
Reprodução
Estudo revela que alterações químicas no cerúmen podem indicar risco de desenvolvimento de tumores antes do aparecimento de sintomas
Cera de ouvido é usada por pesquisadores da UFG para identificar câncer em fase inicial
23/09/2025, às 09:23 · Por Redação
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) identificaram que a cera de ouvido pode ser uma ferramenta para detectar o câncer antes mesmo da formação de tumores. A pesquisa, iniciada há cerca de dez anos, já havia apontado a capacidade de identificar casos de diabetes e de diagnosticar a doença em estágio já instalado. Agora, os cientistas avançaram para identificar alterações químicas que antecedem o surgimento da neoplasia, o que abre caminho para um diagnóstico mais rápido e acessível.
Coordenador do estudo, o professor Nelson Antoniosi Filho explicou que “se nosso organismo está bem, a composição química da cera do ouvido é uma. Se ele está com alguma alteração que possa implicar numa doença, a composição se altera. Então, a cera de ouvido para nós hoje é como se fosse uma impressão digital da nossa condição de saúde”.
O trabalho é realizado em parceria com o Hospital Amaral Carvalho, em São Paulo. Foram analisadas amostras de 751 voluntários. Entre eles, 220 não apresentavam diagnóstico prévio, mas em cinco a análise identificou substâncias atípicas. Exames convencionais feitos em seguida confirmaram a presença de câncer. Outros 531 participantes já estavam em tratamento oncológico e, em todos, a análise do cerúmen confirmou a doença.
Um dos exemplos citados pelos pesquisadores é o de José Luiz, que havia tratado um câncer de próstata em 2012. Em 2019, ao se submeter ao teste com a cera do ouvido, foram identificadas alterações que indicavam novo tumor na região pélvica. Exames de imagem confirmaram o diagnóstico e ele passou por 36 sessões de radioterapia. Novos testes com a cera apontaram a remissão da doença e, atualmente, exames convencionais confirmam que está curado.
Os pesquisadores ressaltam que a técnica ainda depende de regulamentação para uso amplo, mas pode se tornar uma alternativa de diagnóstico precoce e de monitoramento da saúde de baixo custo, ampliando o acesso a exames preventivos.
UFG Estudo Cera Ouvido Câncer Goiás,