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Goiânia, 19/09/25
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Foi necessária uma articulação em âmbito nacional, que resultou no transporte aéreo da bolsa de sangue proveniente de São Paulo

Hemocentro faz primeira transfusão de sangue raro anti-U em Goiás com mobilização nacional

17/09/2025, às 11:47 · Por Redação

O Hemocentro Coordenador Estadual Prof. Nion Albernaz (Hemogo), em Goiânia, realizou nesta terça-feira (16) a primeira transfusão de sangue com fenótipo raro anti-U no estado de Goiás. O procedimento foi realizado em um paciente de 45 anos diagnosticado com anemia falciforme, cuja compatibilidade sanguínea é extremamente incomum — segundo o Cadastro Nacional de Sangue Raro (CNSR), apenas 16 pessoas no Brasil possuem esse tipo sanguíneo.

Para viabilizar a transfusão, foi necessária uma articulação em âmbito nacional, que resultou no transporte aéreo da bolsa de sangue proveniente de São Paulo, coordenada pelo Ministério da Saúde. O paciente, morador de Goianira, na Região Metropolitana de Goiânia (RMG), recebeu o sangue na madrugada do dia 16, e o procedimento ocorreu sem complicações.

A hematologista do Hemogo, Ana Cláudia Mazza, explicou que além dos grupos sanguíneos tradicionais — A, B, AB e O — existem mais de 300 tipos de antígenos presentes nas células vermelhas. O antígeno U, que compõe o fenótipo sanguíneo mais comum, está presente em quase 100% dos caucasianos e 99% das pessoas negras. Indivíduos sem esse antígeno (U-negativos) devem receber transfusões exclusivamente de doadores com a mesma característica, para evitar o desenvolvimento de anticorpos anti-U, que podem provocar reações transfusionais graves.

“Quando o paciente recebe sangue com antígeno U, seu corpo pode interpretar como um corpo estranho, desencadeando uma reação hemolítica que destrói as células vermelhas, agravando a anemia e podendo causar febre, convulsões e outras complicações graves que levam à internação ou até ao óbito”, alertou Ana Cláudia.

O paciente em questão, Odair Camilo Pinto, descobriu seu fenótipo sanguíneo raro em 2018 após uma transfusão realizada em 2017 ter provocado complicações. Desde então, o Hemogo tem acompanhado seu caso. Com o agravamento da anemia, tornou-se urgente a necessidade de uma nova transfusão compatível, que só foi possível após a mobilização nacional da rede de hemocentros.

Odair falou emocionado sobre a expectativa de viver com mais tranquilidade após a transfusão: “Fiquei muito emocionado ao saber que encontraram alguém com o mesmo perfil sanguíneo. Estou esperançoso e confiante de que tudo vai dar certo. Foi uma notícia maravilhosa.”

O Hemogo mantém um programa de fenotipagem e genotipagem para identificar doadores com características sanguíneas especiais, facilitando a busca por compatibilidade em casos emergenciais. Atualmente, o banco conta com cinco doadores cadastrados com tipos sanguíneos raros.

O exame que identifica esses tipos especiais, chamado estudo de fenotipagem, é realizado principalmente em pacientes com doenças crônicas que dependem de transfusões regulares. Pessoas que já sabem possuir sangue raro podem procurar o Hemogo para cadastro e acompanhamento.

A hematologista ressaltou a importância de manter os cadastros de doadores sempre atualizados para garantir a agilidade em atendimentos de urgência em todo o país.


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