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Goiânia, 02/10/25
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Lucas Eugênio

Novas variedades desenvolvidas pela Embrapa impulsionam o cultivo e ampliam a oferta do grão

Produção maior pressiona preço do arroz em Goiás

13/09/2025, às 09:16 · Por Redação

A maior oferta de arroz no mercado interno provocou queda de 23% no preço do grão em Goiânia neste ano, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O recuo é reflexo do aumento da produção nacional, com destaque para Goiás, onde a área plantada e a produção cresceram quase 50% em dois anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço se deve a novas variedades de terras altas desenvolvidas pela Embrapa Arroz e Feijão, que combinam produtividade e qualidade.

Entre as cultivares que impulsionaram o retorno da rizicultura em vários estados estão as BRS A504 CL, BRS A502 e BRS A503. Analista da Embrapa, Pedro Sarmento destaca ao jornal O Popular que a A502 como “virada de chave” por garantir alto rendimento de grãos inteiros e estabilidade de colheita. A A503, segundo ele, apresenta gessamento mínimo e grão semelhante ao produzido no Rio Grande do Sul. Já a A504 é do tipo “clear field”, resistente a herbicidas, o que facilita o controle de plantas daninhas.

Sarmento ressalta que, além da venda do grão, o arroz em pivô central melhora o solo ao gerar palhada e favorecer microrganismos benéficos, característica importante para rotação de culturas como soja, feijão e tomate. “É uma gramínea que funciona como planta de cobertura e ainda gera renda”, afirma.

Com maior produção, as indústrias passaram a comprar mais arroz goiano. O analista alerta, no entanto, para a necessidade de investimento em secagem e armazenamento local, reduzindo a dependência de grãos vindos do Sul e o custo de frete.

Apesar do avanço tecnológico, o preço pago ao produtor recuou cerca de 40% em 12 meses, de R$ 150 para R$ 90 a saca. “Para garantir rentabilidade, o preço precisa estar em pelo menos R$ 100”, diz Sarmento. Mesmo assim, ele defende que os ganhos indiretos do cultivo, como redução de custos com fungicidas e irrigação, compensam a queda da cotação.

O produtor Gabriel Gomes de Moraes, de Paraúna, afirma que a variedade A502 permitiu disputar mercado com o arroz irrigado do Sul. Ele plantou 115 hectares em 2023 e 226 em agosto deste ano, mas admite que o atual preço desestimula novas expansões. “Com o preço a R$ 90, se tiver que secar, você praticamente empata. Só plantei pela garantia dada pela sementeira”, relata.

A Embrapa acredita que, com organização da cadeia produtiva e infraestrutura adequada, Goiás pode consolidar-se como polo importante no fornecimento de arroz de alta qualidade.


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