Goiás tem 220 municípios sob alto risco de incêndios; área queimada já ultrapassa 340 mil hectares em 2025

Goiás enfrenta uma das piores temporadas de incêndios dos últimos anos. Com 220 dos 246 municípios em risco alto de queimadas — florestais ou urbanas — o Estado sofre com a combinação do chamado fator 30/30/30: umidade do ar abaixo de 30%, temperatura acima de 30 °C e ventos com velocidade acima de 30 km/h.

De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Goiás (CBM-GO), mais de 43 ocorrências ativas de incêndios de grande proporção estavam sendo combatidas nesta semana, principalmente na região Nordeste, onde as condições são mais severas e o acesso, mais difícil.

Área queimada já supera a marca de 344 mil hectares

De acordo com a corporação, 344,5 mil hectares já foram atingidos pelo fogo desde o início do ano. Só em setembro, 92 mil hectares já foram destruídos — quase metade do total de agosto, que registrou 175,5 mil hectares queimados.

Para efeito de comparação, no ano passado, Goiás perdeu 706 mil hectares para o fogo, sendo 370 mil hectares apenas em setembro de 2024.

Um dos maiores focos atuais está entre os municípios de Nova Roma e Monte Alegre de Goiás, na região da Chapada dos Veadeiros, onde 82,6 mil hectares foram queimados — o equivalente a 121 mil campos de futebol oficiais.

“Até agosto, os números eram semelhantes aos do ano passado. Mas no fim de agosto e início de setembro tivemos um aumento drástico nas ocorrências”, afirmou o capitão Lucas Reis, do CBM-GO.

Condições climáticas agravam cenário

O Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) aponta que uma massa de ar quente atua como bloqueio atmosférico, intensificando o calor e reduzindo drasticamente a umidade relativa do ar, que chegou a 12% em algumas cidades nesta semana — muito abaixo do mínimo ideal de 60% para a saúde humana.

Nesta última terça-feira (9), as temperaturas atingiram:

41°C – Região Oeste de Goiás

38°C – São Miguel do Araguaia

37°C – Porangatu

36°C – Itumbiara e Iporá

35°C a 38°C – Goiânia

O Inmet emitiu alerta vermelho para a baixa umidade. Já são mais de 120 dias sem chuvas em regiões como o Nordeste, Norte e Oeste goiano.

Focos combatidos em parques e áreas turísticas

Além da Chapada dos Veadeiros, o Corpo de Bombeiros também atua em incêndios nas seguintes áreas:

Parque Estadual da Serra Dourada (Goiás): fogo sob controle, após risco causado por rompimento da rede elétrica.

Parque Estadual da Terra Ronca (Guarani de Goiás): equipes atuam há mais de 96 horas seguidas, com fogo já controlado no lado goiano, mas ainda ativo nas serras baianas.

Parque Vitória (Senador Canedo): incêndio recente exigiu rápida mobilização para evitar avanço.

Incêndio atinge Morro das Antenas em Pirenópolis

Em Pirenópolis, o Morro do Frota (Morro das Antenas) foi atingido por incêndio iniciado na noite de segunda-feira (8), próximo à Cachoeira Bonsucesso. A ação rápida dos bombeiros e brigadistas conteve parte das chamas, mas o fogo avançou com força na terça-feira, atingindo mais de 500 hectares até o momento.

A cidade já havia enfrentado outro incêndio grave no final de agosto, que consumiu 4,3 mil hectares e obrigou a interdição da Cachoeira dos Dragões.

Frente fria pode aliviar, mas chuvas ainda não são regulares

O gerente do Cimehgo, André Amorim, afirmou que uma frente fria prevista para os dias 15 e 16 de setembro pode trazer chuvas isoladas, principalmente na região Centro-Sul de Goiás. No entanto, ele alerta que não se trata do início do período chuvoso.

“Será um alívio momentâneo, mas logo o calor deve retornar. O impacto pode ser positivo para conter a escalada de queimadas, mas será temporário”, disse.

A região Nordeste, onde estão os focos mais intensos, não deve ser beneficiada por essa frente fria. Em cidades como Nova Roma e Monte Alegre, já são mais de 126 dias sem chuva.

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