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Goiânia, 02/10/25
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Em discurso, Wilder destacou o papel da oposição de extrema-direita no Congresso e chegou a enaltecer os movimentos de Trump

Wilder Morais faz manifestação para defender tarifaço e ignora produtor goiano

09/09/2025, às 11:43 · Por Redação

O senador Wilder Morais (PL) usou o ato bolsonarista realizado no último 7 de setembro, em Goiânia, para defender o tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump, que atinge diretamente produtos goianos como carnes e mineração. A manifestação, realizada no Dia da Independência do Brasil, reuniu apenas 1,4 mil pessoas, segundo estimativas do Monitor Político do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Universidade de São Paulo (USP) — número considerado pequeno diante da mobilização nacional convocada pela extrema-direita.

Em discurso, Wilder destacou o papel da oposição de extrema-direita no Congresso e chegou a enaltecer os movimentos de Trump. “Vocês vieram para a rua e nós, senadores da direita, fizemos a diferença”, afirmou. O evento contou ainda com bandeiras dos Estados Unidos e faixas de agradecimento ao presidente americano pela “ajuda” à causa, em referência à tarifa que prejudica diretamente a produção brasileira.

A postura do senador chamou atenção porque, além do mandato atual, ele já foi secretário estadual de Indústria e Comércio, período em que se apresentava como defensor do setor produtivo goiano. Ao apoiar uma medida que impõe tarifa de 50% sobre exportações brasileiras, Wilder acabou virando as costas justamente para segmentos estratégicos da economia estadual, como o agronegócio, a mineração, a indústria de transformação e a farmacêutica.

O impacto do tarifaço sobre Goiás é devastador. Ao encarecer produtos exportados, a nova taxação reduz a competitividade das cadeias produtivas locais, inviabiliza negócios já estabelecidos e pressiona setores que operam com margens estreitas. Além da queda nas exportações, o efeito em cascata inclui volatilidade cambial, aumento de custos de insumos importados, pressão inflacionária, insegurança jurídica para investidores e adiamento de projetos industriais e logísticos.

O contraste se acentua quando comparado à postura do setor empresarial goiano. Enquanto Wilder aplaudia o tarifaço em Goiânia, representantes da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) estavam em Washington para negociar diretamente com autoridades e empresários americanos alternativas para mitigar os efeitos da taxação. Enquanto o empresariado buscava soluções, o senador escolheu a retórica ideológica — defendendo a medida que ameaça a sobrevivência de quem produz em Goiás.


Wilder Morais PL Goiás