Coluna do Pablo Kossa: 30 Anos de Goiânia Noise: e não é que o alternativo virou tradição?

 Dizer que “parece que 1995 foi ontem” é o maior papo de tiozão, né? Já se vão 30 anos da metade da década de 1990 e isso não é pouca coisa. Mas para quem se lembra da primeira edição do Goiânia Noise Festival, rol no qual eu estou incluso e que entrega muito minha idade de quem já dobrou o Cabo da Boa Esperança, parece que não passou tanto tempo assim.

 

Mas passou. E o Goiânia Noise chega à sua trigésima edição nesse final de semana.

 

Os lendários palcos do Centro Cultural Martim Cererê receberão de quinta a domingo bandas de todo país, expositores de produtos da cultura alternativa e um público ávido pela música que passa fora do radar da obviedade dos malditos algoritmos. Tal qual acontece desde a primeira edição que rolou na Praça Universitária.

 

O compromisso da Monstro Discos com o independente é digno de aplausos. Numa cidade jovem como Goiânia, um festival que preza por estar à margem do padrão e durar tanto tempo não é algo trivial.

 

E claro que quem perdura tanto assim vive uma montanha-russa de circunstâncias. Estão nos anais edições com gente saindo pelo ladrão, outras com público esvaziado. Shows que quem viu não se esquece, outros que mesmo lendo o nome num flyer antigo ninguém se recorda. Tudo jogo jogado.

 

O mais importante é que depois de 30 anos de história já podemos dizer sem medo de errar que o Goiânia Noise é uma tradição goianiense. São gerações que estão marcadas pelo trabalho desses caras.

 

Nossa cidade deve muito à falta de juízo deles – afinal, se algum bom senso tivessem, já estariam mexendo com outra coisa há tempos. A vida deles seria bem mais tranquila. As nossas, que temos o Noise tatuado na alma, bem mais enfadonha.

 

Muito obrigado por tanta irresponsabilidade. Que venham mais 30 anos de Goiânia Noise.   

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