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Reprodução - Mais Goiás
Emerson Souza, 28, morador de Formosa, diz que promessa de remuneração não se concretizou e que só conseguiu voltar ao Brasil com ajuda da família
Goiano relata experiência na guerra da Ucrânia
27/08/2025, às 09:18 · Por Redação
Depois de poucos meses em território ucraniano, Emerson Souza, 28, morador de Formosa, voltou ao Brasil e fez um balanço da experiência na guerra. Em entrevista ao portal Mais Goiás, ele contou que a decisão de viajar foi motivada pela promessa de altos ganhos para sustentar a esposa e os quatro filhos – o quinto está a caminho –, mas a realidade foi diferente.
“Não valeu a pena”, resume Emerson, que partiu em 19 de maio, mesmo dia em que descobriu a nova gravidez da esposa. O alistamento ocorreu por meio de um grupo de WhatsApp que recrutava estrangeiros para atuar no conflito. O trajeto até a Ucrânia incluiu voos por São Paulo, Madri e Polônia, seguido de ônibus e van até Tiachiv, onde teve a documentação regularizada.
Emerson relata que o choque cultural e o risco constante marcaram a estadia. “Quando eu estava lá, eu sentia muita falta da minha esposa, dos filhos, da comida, do calor brasileiro. É péssimo ficar longe da família da gente, sabendo que a gente pode morrer a qualquer momento”, disse.
Ele afirma ter presenciado ataques aéreos em Kharkiv: “Vi o fogo cruzado quando estive em Kharkiv. Passava muito drone em direção à cidade, as bombas passavam pertinho de nós e a gente via a bateria antiaérea tentando derrubar os drones. Eu sentia que precisava ir embora, mas pensava que não iria conseguir”.
Além do risco, Emerson se frustrou com a remuneração. As missões exigidas eram quase impossíveis de cumprir em curto prazo. Ele recebeu pouco mais de R$ 2 mil, valor insuficiente para custear o retorno ao Brasil, orçado em R$ 16 mil. “Eu só consegui voltar graças à ajuda dos meus parentes e da família da minha esposa, porque eu estava quebrado”, afirmou.
Retorno
A saída da Ucrânia também foi marcada por tensão. “Saí da legião de treinamento para uma vilinha, de onde peguei um táxi para Lviv. De lá eu deveria pegar um trem para Kharkiv, onde rescindiriam meu contrato, mas optei em seguir de ônibus direto para a fronteira com a Polônia. Lá eu corri risco e a barriga esfriou”, relatou. Segundo ele, militares chegaram a reter seu passaporte antes de liberá-lo.
Depois de atravessar a Polônia, viajou para Roma, São Paulo e Brasília, desembarcando em 1º de agosto. O reencontro com a família foi descrito como o momento mais marcante da volta: “A primeira coisa que fiz foi abraçar minha filha e minha mulher, a saudade estava grande. Quando vi minha filha correndo e dizendo ‘papai, papai’… aquilo quase partiu meu coração”, contou.
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