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Ex-presidente condiciona discussão sobre taxação imposta pelos EUA à votação de proposta que pode livrá-lo de processo por tentativa de golpe de Estado
“Sem anistia não tem negociação sobre tarifa”, diz Bolsonaro a Malafaia em áudio revelado pela PF
22/08/2025, às 09:39 · Por Redação
A Polícia Federal revelou um áudio inédito no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) condiciona a negociação de tarifas comerciais com os Estados Unidos à aprovação de uma anistia que poderia livrá-lo do processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado.
O diálogo ocorreu em 13 de julho e foi dirigido ao pastor Silas Malafaia, aliado histórico do ex-mandatário. Na gravação, Bolsonaro é direto:
“Se não começar votando a anistia, não tem negociação sobre tarifa. Não adianta governador querer ir aos Estados Unidos ou embaixada tentar sensibilizar. Não vai conseguir. (…) Resolveu a anistia, resolveu tudo. Não resolveu, já era.”
O áudio faz parte do relatório da PF que indiciou Bolsonaro e seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), por coação no curso do processo e abolição violenta do Estado Democrático de Direito. Segundo a investigação, ambos atuaram para pressionar o STF e garantir a impunidade do ex-presidente.
A conversa surgiu após Malafaia enviar mensagens a Bolsonaro comentando uma carta divulgada pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump, em 9 de julho. No documento, Trump criticava o que chamou de “caça às bruxas” contra Bolsonaro e anunciava uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros como retaliação.
Na troca de mensagens, Malafaia pressionava Bolsonaro a usar a carta como arma política:
“Trump colocou a bola na frente do gol e nós queremos jogar a bola fora. (…) A chave está na carta: o STF emitiu ordens ilegais contra plataformas dos EUA. (…) Tem que pressionar o STF dizendo que, se houver anistia ampla e total, a tarifa vai ser suspensa.”
O pastor, que recentemente rompeu com Bolsonaro, chamou o ex-presidente de “covarde” e “porcaria de líder”, afirmando que ele não assume o protagonismo necessário diante do risco de condenação.
De acordo com a PF, a postura de Malafaia e Bolsonaro mostra adesão ao plano criminoso para tentar coagir ministros do STF. O objetivo seria assegurar a anistia no Congresso e encerrar a ação penal 2.668/DF, que trata da trama golpista.
O pastor, que também é investigado, teve o passaporte apreendido e o celular confiscado em operação da PF.
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