Instalação da CEI do Limpa Gyn segue indefinida e pressão aumenta na Câmara

A criação da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que pretende investigar o contrato e os serviços do Consórcio Limpa Gyn segue sem definição. Em reunião no Paço Municipal, nesta segunda-feira, 18, com ao menos nove dos 16 vereadores que assinaram o requerimento, o prefeito Sandro Mabel (UB) reforçou que não pretende negociar e teria dito que “já não se importa mais com a instalação da CEI”.

Segundo relatos, Mabel também afirmou que não repetirá a postura de seu antecessor Rogério Cruz (SD) nas relações com a Câmara e indicou que, caso a comissão seja criada, poderá colaborar com as apurações. A fala gerou desconforto entre os parlamentares, que reiteraram queixas sobre a falta de atendimento por parte do Executivo, a demora no pagamento de emendas e a ausência de nomeações de cargos comissionados.

Nos bastidores, a avaliação é que a instalação da CEI deve ficar para a próxima semana. O Paço trabalha para reverter a articulação que resultou na maior derrota política de Mabel até aqui. Há, no entanto, temor entre vereadores quanto aos efeitos de uma investigação mais aprofundada, já que a comissão vinha sendo tratada como instrumento de pressão política.

Durante a reunião, foi sugerido o sobrestamento da CEI por 60 dias, com a justificativa de avaliar os serviços de coleta de resíduos, mas a ideia foi descartada para evitar interpretação de negociação com o Executivo. Antes da reunião, Mabel já havia adotado medidas para tentar barrar a comissão, como ligações individuais a vereadores, almoço no Paço e convite para visita à sede do Consórcio Limpa Gyn. 

Novos encontros estão previstos para esta semana, em busca de adesões à retirada de assinaturas. Um dos pontos de atenção entre os parlamentares é a possibilidade de convocação do ex-secretário de Infraestrutura Denes Pereira, responsável pela assinatura do contrato com o consórcio e que deixou o cargo após ser alvo da Operação Transata.

Procuradoria
Horas antes da reunião, a Procuradoria-Geral da Câmara divulgou parecer contrário à participação do líder do governo, Igor Franco (MDB), como integrante da CEI. O documento aponta “risco de conflito de interesse” e defende que o instrumento deve garantir espaço à minoria. Apesar disso, a análise tem caráter apenas de recomendação.

O presidente da Câmara, Romário Policarpo (PRD), ainda não publicou o requerimento no Diário Oficial do Município. A medida, vista como forma de ganhar tempo, também pode abrir espaço para uma “saída honrosa” a Franco, cuja permanência como líder é considerada insustentável por aliados do prefeito.

Assim que for publicado, os partidos terão 48 horas para indicar os membros da comissão, e a instalação deverá ocorrer em seguida, com estrutura e recursos garantidos para o funcionamento.

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